A Lusofonia é uma
capela sistina inacabada; é comer vatapá e goiabada, um pastel de
bacalhau ou cachupa, regados com a timorense tuaka ao
ritmo do samba ou marrabenta; voltar a Goa com Paulo Varela Gomes,
andar descalço no Bilene com as Vozes
anoitecidas de Mia Couto, ler
No país de Tchiloli da Olinda Beja, rever os musseques da
Luuanda com Luandino Vieira,
curtir a morabeza cabo-verdiana ao som De boca a
barlaventode
Corsino Fontes, ouvir patuá no Teatro D. Pedro IV na obra de
Henrique de Senna-Fernandes e na poesia de Camilo Pessanha; saborear
a bebinca timorense em plena Areia Branca ao som das palavras de
Francisco Borja da Costa e Fernando Sylvan, atravessar a açoriana
Atlântida com mil e um autores telúricos, reencontrar em Salvador da
Bahia a ginga africana, os sabores do mufete de especiarias da
Amazónia, aprender candomblé e venerar Iemanjá, visitar as igrejas e
casas coloridas de Ouro Preto, Olinda, Mariana, Paraty, Diamantina,
e sentir algo que não se explica em Malaca, nos burghers do Sri
Lanka, em Korlai ou no bairro dos Tugus em Jacarta. É esta a nossa
lusofonia.