Colóquio da Lusofonia Apresentação e Agradecimentos
Na semana a seguir à defesa da minha tese de doutoramento sobre a Fábula em Portugal, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, iniciei a preparação do meu concurso para Professor Coordenador da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal.
Quis o destino que me lançasse numa aventura que me viria a desviar da minha primeira paixão, pedagógico-científica, para abraçar um projeto de gestão e administração institucional, enquanto Vice-Presidente do Conselho Diretivo da Escola Superior de Educação.
Desses anos, ficou-me o gosto amargo de muitas desilusões, o cansaço de lutas vãs e inúteis contra um contexto que se impunha como um dos mais constrangedores momentos da Educação em Portugal. Pressionados por fatores externos e alguma confusão interna, fomos estrangulados económica e financeiramente, e reduzidos à nossa expressão democrática mais minimalista, num movimento de centralização, que se aproveitou de algumas fragilidades e procurou aprofundar as ligeiras tensões existentes no corpo docente. Em nome da crise, congelou-se as carreiras, abrandou-se o investimento na investigação, procurando apenas atingir as exigências ditadas por Bruxelas, mais atenta a números do que a resultados técnico-científicos, com verdadeiros critérios qualitativos, indicadores do desenvolvimento sustentado de qualquer sociedade humanista que visa o bem-estar e a felicidade dos seus cidadãos.
Após a demolidora experiência que nos obrigou, a todos, a fazer das tripas coração, chouriços sem sangue e sangrias irracionais, caímos numa letargia apenas disfarçada por campanhas de propaganda que apresentavam o que de melhor tínhamos em todas as áreas da vida cívica. Rapidamente esgotaram-se os exemplos que se conseguiam afirmar no nosso panorama interno e, rapidamente, fomos embriagados com os nossos patrícios que triunfavam no estrageiro, alguns já pertenciam à terceira geração, outros à segunda, e lá vinham os nossos enfermeiros e informáticos, levianamente exportados para o Reino Unido e apresentados como a joia de uma coroa que ostentava um exército de técnicos e especialistas de que podia prescindir sem qualquer indício de remorso, nem tão pouco do mínimo desconforto.
A impossibilidade, ou talvez a incapacidade, de contribuir para reverter a situação levou-me a refugiar-me na minha grande paixão artística, científica e pedagógica. Encontrei nos Colóquios da Lusofonia e, posteriormente, na Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia, um espaço de resistência e de resiliência, onde me senti acolhido, motivado, e onde podia, livremente, expressar opiniões e desenvolver investigação com toda a seriedade e rigor. Não posso deixar de agradecer a Chrys Chrystello, à sua família, e a todos os associados, a criação desta escola de vivências ‘inter’ e transculturais, assim como o aprofundamento desta vivificante e pujante identidade lusófona. Seria injusto não agradecer aos meus outros compagnons de route, colegas do Instituto Politécnico de Setúbal e, em particular, da Escola Superior de Educação, assim como os do núcleo de investigação sobre o Imaginário Literário da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa que, pelas mais diversas razões, e das mais diversas formas, apoiaram o meu trabalho, sempre me motivaram e sempre me incentivaram a prosseguir, apesar de tantos obstáculos e dificuldades pessoais. Os meus colegas da Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia fizeram, de um grupo de sonhadores, um movimento de cidadania, em prole de uma nova e sólida consciência identitária, solidamente ancorada em valores de solidariedade e de fraternidade. Foi este o nicho que escolhi para desenvolver e partilhar a maior parte das experiências que a Escola Superior de Educação de Setúbal, com a maior das generosidades, e das mais diversas formas, me permitia. A minha extrema dedicação à minha intervenção pedagógica obrigou-me a respeitar uma certa distância em relação ao meu grupo de investigação inicial relacionado com os estudos sobre o Imaginário Literário, fundado e dirigido pelo Senhor Professor Doutor Helder Godinho, meu orientador da tese de mestrado sobre os Bestiários Franceses do século XII, assim como da tese de Doutoramento sobre a Fábula em Portugal. Todos os meus colegas, investigadores na área do imaginário, e em particular os da Universidade Nova de Lisboa, foram sempre da maior solicitude e continuam a prestar a maior das atenções aos meus trabalhos passados e presentes. Por razões profissionais e familiares não me tem sido possível conviver com eles com a regularidade que merecem e de que tanto necessito. Durante estes anos, alguns dos maiores vultos da nossa cultura tiveram a gentileza de me dedicar um pouco da sua amizade. Enquanto professor, não concebo o meu labor sem essa proximidade. A minha gratidão vai, em primeiro lugar, para o Professor Doutor Helder Godinho e para o Professor Nuno Júdice que me acompanham desde o meu curso de Mestrado, assim como para o meu, muito saudoso amigo e Mestre Pierre Bec, ex Diretor do Centro de Civilização Medieval de Poitiers, onde realizei, a seu convite, um curso intensivo de Verão. Nunca expressarei suficientemente a minha gratidão por ter tido a gentileza de me dedicar um dos seus muitos encantadores contos em língua occitânica: La tor de la aglas. Foi ele, em boa verdade que me apresentou pessoalmente ao Professor Malaca Casteleiro, embora já o conhecesse informalmente da Universidade de Lisboa, onde tive o privilégio de me licenciar com o contributo de tantos outros nomes da nossa mais primorosa cultura: Mário Dionísio, Rui Mário Gonçalves, José Martins Garcia, Ivo de Castro, Maria Alzira Seixo, Margarida Barahona… Recordo com especial gratidão o convívio e os trabalhos realizados com os meus amigos e colegas, Miguel Tamen, Teresa Guedes, Luís Prista, Luís Barbeiro, Helena Camacho, e tantos outros que contribuíram generosamente para a minha construção enquanto homem de cultura e de palavra. Durante o meu estágio tive a felicidade de ser orientado pela Professora Ana Vilhena e de ter crescido junto da sabedoria de um Fernando Gandra. A Escola Superior de Educação permitiu-me um breve mas profundo convívio com Maria de Sousa Tavares, Ana Laura de Metelo de Valadares Araújo, José Victor Adragão, José Catarino, Ana Bettencourt, Mara Emília Brederode Santos, Luís Souta e Luís Carlos Santos, entre tantos outros. Foi o Professor Malaca Casteleiro o primeiro que me incentivou a apresentar uma comunicação sobre o meu trabalho pedagógico na área da Língua Portuguesa. Desloquei-me então a Macau, onde fui recebido pelo meu amigo Luís Gaivão que, cada vez que me encontra, não deixa de elogiar o que ele considera ter sido uma das mais interessantes e criativas comunicações na área da didática do Português. Com amigos assim e tanta gente ilustre a incentivar-me, percebi que não podia deixar de lhes manifestar a minha mais sincera e profunda gratidão. Espero que esta publicação, que foi antes de mais elaborada para e com os meus alunos, não os dececione e seja entendida como uma espécie de percurso pedagógico e científico de um professor em busca das suas raízes e das mais diversas formas de as celebrar.
Tendo sido emigrante, na Bélgica, dos cinco até aos meus dezoito anos, escrevi, então, aquele que considero ter sido o meu primeiro artigo a celebrar a demanda obsessiva pelas minha raízes mais profundas: A cor da Língua Portuguesa. Confesso que procuro beleza em todos os meus trabalhos científicos e literários. Logo, nesse primeiro artigo, percebi que toda a minha vida seria votada a essa demanda e à partilha dessa minha paixão. Descobri, progressivamente, que não eram apenas as minhas raízes que me iam sendo reveladas mas que, à medida que a demanda se tornava mais profunda, eram asas que se moldavam e me levavam mar às costas. Nos anos noventa, a Dr.ª Madalena Patrício convidou-me para fazer parte, a tempo parcial, da equipa pedagógica do Núcleo do Ensino de Português no Estrangeiro. Durante alguns anos reparti a minha intervenção entre a Escola Superior de Educação de Setúbal e o Núcleo do Ensino de Português no Estrangeiro, o que me permitiu desenvolver projetos de formação de professores de português para crianças portuguesas migrantes, em particular na Alemanha, onde viria a desempenhar, por ironia do destino, funções de coordenação junto da nossa Embaixada em Bona. Em Lisboa, beneficiei da amizade e experiência de colegas de extrema competência e dedicação, tais como a Inês Mourão… Na Alemanha, tive o privilégio de conviver com pessoas excecionais, desde o Sr. Conselheiro para a Educação, Dr. Luís Madeira, e os nossos representantes junto dos consulados, até aos professores que, no terreno, afirmavam a nossa identidade, desafiavam as dificuldades linguísticas, os preconceitos culturais, as distâncias e todos os vendavais de chuva e de neve. Com todos eles aprendi, sonhei, sorri e, por vezes, chorei. Antes de me exilar, voluntariamente, para desempenhar funções na Alemanha, aceitei, à última da hora, passar o dia dos meus anos nos Açores, integrando uma equipa de formação de professores do continente americano. Senti, mais do que nunca, que nunca mais seria o mesmo. Estudei intensamente a literatura e a cultura açoriana. Informei-me sobre os diferentes sistemas educativos, as condições de trabalho dos nossos docentes, em particular nos Estados Unidos e no Canadá e lá, na Terceira, voltei a ouvir falar de viva voz de uma décima ilha, de que me havia falado o meu primeiro mestre de estudos linguísticos, José Martins Garcia. Mais tarde, sem o sabermos, Santa Catarina, no sul do Brasil, veio a ser para nós um espaço de amor e de mistério. Viemos a amar as mesmas lagoas, as mesmas praias, as mesmas gentes e os mesmos imaginários. São muitas as pessoas que estiveram na origem dos meus artigos sobre o imaginário catarinense. Nunca esquecerei as lágrimas, o amor e o afeto com que uma delegação catarinense me decidiu brindar, em Bragança, após a primeira comunicação que realizei sobre o tema.
A vida profissional permitiu-me deslocar-me a muitos outros países, integrando projetos de formação europeus que me possibilitaram abordar questões culturais e tecnológicas. Os meus colegas acolheram com delicadeza e entusiasmo textos da minha lavra. Nunca poderei esquecer a generosidade de Monsieur Plisson, que chefiava, na altura, o gabinete responsável pela defesa e difusão da língua francesa, sob a tutela direta da Presidência da República. A amizade de John Lemon, um dos destacados formadores de professores da Universidade de Huddersfield e Coordenador de um projeto europeu que me possibilitou construir uma ampla visão sobre a questão específica da formação dos professores de línguas, tendo em conta o recurso às tecnologias da informação e da imagem, foi preciosa num momento de profunda viragem nos nossos hábitos, atitudes e saberes pedagógicos. A camaradagem de Marek Wolfgang do Centro de formação de Kassel permitiu-me melhor entender e valorizar os hábitos e as atitudes germânicas perante o trabalho e o respeito pelos outros e pelas suas culturas. Todo esse frenesim intelectual levou-me a querer visitar alguns desses espaços com os olhares dos nossos maiores autores, visitei a França, a Bélgica e a Holanda com a sensibilidade de Vitorino Nemésio, que sonhou amores nas águas paradas do Square Marie Luíse, em pleno coração de Bruxelas, onde, tantas vezes, senti, durante a minha adolescência, o meu coração estremecer de saudades.
Durante o período em que fui responsável pelas relações externas da Escola Superior de Educação de Setúbal, sob a presidência do meu grande colega e amigo, Luís Souta, tive a oportunidade de me deslocar a vários países africanos, em particular, a Moçambique e a Angola. Lembro, nas passadas do saudoso Professor Raul, o Professor Nelson Matias, verdadeiro filantropo, lusófono convicto e incansável construtor de pontes. Foi, aliás, num projeto de formação de professores, financiado pela fundação Calouste Gulbenkian, que plasmei as minhas experiências e ternuras africanas. Com o contributo do Professor José Victor Adragão, da Professora Doutora Fernanda Botelho e da Professora Doutora Ana Sequeira, aprofundei os meus conhecimentos pedagógicos e didáticos para construir alguns materiais para a formação literária adequada ao contexto dos países africanos de expressão portuguesa. Mobilizei os conhecimentos que havia desenvolvido com os meus alunos dos cursos de formação complementar, na área das línguas, e no contexto de uma disciplina dedicada às literaturas de língua portuguesa, e articulei-os com os conhecimentos e as experiências práticas dos meus colegas. O projeto, embora com um outro nome e com alguns novos intervenientes, após alguns anos de abrandamento, teve a felicidade de poder ser reativado, embora com novos contornos, sob a coordenação do Professor Nelson Matias.
A minha primeira tese foi entusiasticamente acolhida mas a sua posterior divulgação encontrou alguns escolhos pelas insuperáveis dificuldades linguísticas que os textos originais apresentavam, o que não me impediu de ser convidado para realizar várias comunicações universitárias. Agradeço ao Sr. Professor Doutor Helder Godinho a gentileza de me convidar para dinamizar várias sessões sobre os Bestiários, os Aviários e os Lapidários Medievais, no curso de Mestrado sobre as Literaturas Medievais Comparadas de que era então um dos responsáveis. Agradeço os convites e as publicações das comunicações que realizei na Universidade Nova de Lisboa e na Universidade de Aveiro.
Vi, com muita alegria, a minha segunda tese transformar-se num verdadeiro instrumento de trabalho universitário e académico. A todos os seus leitores queria mais uma vez expressar o meu mais profundo reconhecimento.
Os meus alunos interessaram-se sobretudo pelos artigos que redigi na área dos estudos sobre o imaginário popular e a sua expressão no espaço lusófono. Os meus artigos sobre a Serra da Arrábida, muito lhes devem, por essa razão, apresento uma espécie de variações com uma estrutura teórica muito semelhante, tal como o faço com os meus estudos em torno da poesia açoriana e com os meus artigos sobre o imaginário catarinense. Muito agradeço ao Professor Miguel Real o seu gentil convite para apresentar uma reflexão sobre a produção poética de Sebastião da Gama, por ocasião do primeiro Encontro Internacional que reuniu, em Setúbal, alguns dos seus mais destacados especialistas.
Ao longo destes anos foi apresentando aos meus alunos os autores por quem eles mais se apaixonavam, assim como os que se foram tornando meus amigos, por vezes pela proximidade física, outras pela proximidade que afetos e gostos literários foram tecendo. Apresentei-lhes autodidáticas tais como o multifacetado Mário Gomes Silvério, o senhor Varela Teles, que dedicou os seus últimos anos à pesquisa e ao estudo da biografia de Luís Vaz de Camões, assim como ao estudo da simbologia e do imaginário patenteado em alguns dos nossos monumentos mais emblemáticos. Apresentei-lhes autores de renome, tal como José Jorge Letria. Maria Emília Pires decidiu ir para além da obra literária que nos havia comovido e fascinado, As bruxas da Serra de Fóia, e falou, na primeira pessoa, sobre as tragédias de vida de uma criança e a importância do saber perdoar. O meu amigo, Norberto Ávila, encantou-os com as histórias da sua vida e sobretudo com a História de Hakim. Descobrimos as suas paixões segundo João Mateus, refletimos sobre as suas representações artísticas e literárias. Comparámos a sua peça de teatro com o seu romance, rimos ao bom rir! Lemos alguns dos seus poemas, inspiraram-nos imenso. Norberto representa hoje o melhor que as ilhas nos dão: a sua universalidade.
Sabendo eu que, apesar de todos os esforços dos responsáveis envolvidos, nem sempre as nossas comunicações científicas e pedagógicas são de fácil acesso, decidi transformá-las em artigos literários e reuni-los segundo uma ordem muito própria e reveladoras do meu próprio percurso, enquanto pessoa e enquanto professor. Muitas delas já haviam sofrido uma primeira metamorfose para as suas publicações em diferentes e variadas atas, tinha, agora, chegado a altura de dar mais um passo em frente e empreender a sua publicação conjunta para os poder oferecer à minha família, aos meus amigos e aos meus alunos, pela ocasião do meu sexagésimo aniversário. Um grande amigo luso-alemão, Rolf Kemmler, sócio correspondente estrangeiro da Academia de Ciências de Lisboa, também ele muito ativo na Associação dos Colóquios da Lusofonia, prontificou-se a publicá-los na sua editora, na Alemanha, após revisão técnica e científica por vários especialistas internacionais com as mais altas competências académicas. Foi ele que teve a paciência de me explicar as normas e as regras que presidem aos seus exigentes critérios editoriais. Foram muitas as horas que despendemos em vésperas de Natal, noites e sonhos adentro. Após consulta de algumas das suas publicações, entendi que a coleção Studia Miscellanea Lusitana da editora Calepinus Verlag, não só prestigiaria o meu trabalho científico, como lhe permitiria uma séria difusão internacional, incluindo os países de leste, tão ávidos por tudo o que, de nós, lhes chega. O nosso entusiasmo e árduo trabalho conjunto foi se prolongando durante um ano letivo. As variadas tarefas de um professor não lhe permitem prescindir de muito tempo para este tipo de ocupação, por vezes, considerada menor ou, pelo menos, bastante secundária.
Entre as minhas primeiras publicações contam-se duas obras coletivas publicadas conjuntamente pelo Núcleo de Ensino do Português no Estrangeiro e uma Instituição de Formação de Professores em Hessen. Tratava-se de manuais para o ensino do Português enquanto língua de cultura. Destinavam-se ao público luso-alemão. Apraz-me este regresso a esta íntima colaboração, pelo muito que aprendi, tanto no âmbito da cultura germânica, quanto no âmbito da normas editoriais, da linguística, da pedagogia e da didática específica para o ensino das línguas estrangeiras e das línguas maternas, enquanto línguas de cultura.
A minha esposa, Zélia, acudiu-me nos momentos de desespero e a ela muito devo o trabalho editorial que estava a meu cargo. Aos meus filhos devo a paciência e a alegria de viver.
Em paralelo, e articuladamente com estes artigos, fui redigindo mais de uma centena de poemas e um esboço de um livro de contos. São outras formas de recuperar raízes, outros modos de voar. Considero-os como os meus atos mais pedagógicos e mais didáticos da minha vida de Professor.
Oxalá um dia os queiram e os possam vir a ler!
Termino destacando a gentileza, a generosidade e toda e erudição que o Professor Malaca Casteleiro e que o meu amigo e ilustríssimo dramaturgo, Norberto Ávila, colocaram, respetivamente no prefácio e no posfácio desta singela obra com que decidi comemorar, em simultâneo com o meu sexagésimo aniversário, trinta e seis anos de docência e trinta e dois anos de serviço na Escola Superior de Educação de Setúbal.
LUCIANO PEREIRA