APRESENTAÇÃO LIVRO DE LUCIANO PEREIRA
apresentação literária da obra Lusofonografias, Ensaios pedagógico-literários de Luciano Pereira por Chrys Chrystello e Rolf Kemmler
posfácio de Norberto Ávila
Posfácio
Cuidava eu que a minha opção de escritor – laborando desde a juventude na criatividade teatral, poética e narrativa, sem a mínima prática do ensaio literário – poderia isentar-me de escrever prefácios a obras eruditas de outros autores, tendo por certo que haveria sempre alguém que o pudesse fazer com muito mais competência e autoridade. Surpresa foi, portanto, receber o mesmo assim honroso convite para alinhavar umas palavras simples, com que os “prezados leitores” dessem por concluída a minuciosa apreciação deste volume, tão rico na sua diversidade.
Acontece que Luciano Pereira, participante como eu dos Colóquios da Lusofonia (em que se tem destacado pela qualidade das comunicações e disponibilidade organizacional complementar, além dum invulgar trato social), se dignou distinguir-me com o merecimento da sua amizade, ao longo destes convívios, em tão diversos lugares de Portugal. E até lhe devo a gentileza de escolher para uma das suas comunicações uma aproximação, a vários níveis, de duas obras minhas: a peça teatral A Paixão Segundo João Mateus e o romance que daí resultou, anos mais tarde.
Agradável digressão foi, na verdade, a minha leitura desta coletânea de ensaios: O fascinante universo da fábula como ponto de partida e respetivo percurso pedagógico; o enaltecimento da Terra Pátria, principalmente da serra da Arrábida e do Arquipélago dos Açores; o relacionamento da Cultura Portuguesa, com outras culturas: hebraica, árabe e brasileira; o culto açoriano do Espírito Santo e muitos outros aspetos da nossa vivência nacional e internacional. Tudo isto estudado com invulgar dedicação e desvelo de responsável ensinante.
Quanto ao laborioso ensaio que fico a dever à competência analítica de Luciano Pereira, presumo que o professor, ao esmiuçar a peça teatral e o romance – este último intitulado A Paixão Segundo João Mateus (Romance Quase de Cordel) – logo terá optado pelo sugestivo título do seu ensaio: “A Paixão Segundo João Mateus ou a infinita paixão de Norberto Ávila. Como que adivinhou, conjeturou que este João Mateus, fictício poeta popular da ilha Terceira, seria uma espécie de alter ego meu, transplantado que fosse da minha cidade natal (Angra do Heroísmo) para a pitoresca freguesia rural da Serreta, da mesma ilha, local em que eu o fiz nascer.
E fiquemos por aqui. Apenas com umas palavras mais: de regozijo pelo facto de Luciano ter optado pela celebração do seu 60º aniversário com a publicação desta obra, contributo prestimoso que sem dúvida merece larga divulgação, mormente entre os estudiosos da Língua e da Cultura Portuguesa.
NORBERTO ÁVILA
Lisboa, fevereiro de 2018