COMISSÃO EXECUTIVA DO 24º COLÓQUIO
PRESIDENTE, Chrys Chrystello, MA (Master of Arts), Presidente da Direção da AICL e da Comissão Executiva dos Colóquios
VICE-PRESIDENTE, Helena Chrystello, Vice-Presidente da Direção da AICL, Mestre, Coordenadora de Departamento, Escola EB 2,3 Maia, S Miguel, Açores
VOGAIS:
1. Presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz da Graciosa, Manuel Avelar
2. Vice-Presidente da Câmara Municipal, Mª Conceição de Sousa da Luz Cordeiro
3. Brites Araújo, escritora
4. Jorge Cunha, Diretor do Museu da Graciosa
SECRETARIADO EXECUTIVO
PRESIDENTE: Helena Chrystello, Mestre, Coordenadora de Departamento, Escola EB 2,3 Maia, S Miguel, Açores
ADJUNTOS:
Rolf Kemmler, Universidade do Alto Douro
Perpétua Santos Silva, Instituto Politécnico de Santarém
José Soares, Jornalista Açor-canadiano
COMISSÃO CIENTÍFICA PERMANENTE DA AICL - ASSOCIAÇÃO DOS COLÓQUIOS DA LUSOFONIA 2013-15
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Aqui se traça em linhas gerais o percurso da AICL. Uma breve resenha do historial dos Colóquios da Lusofonia incluindo a sua ação na divulgação da açorianidade literária ou de como ainda é possível concretizar utopias num esforço coletivo.
Um exemplo da sociedade civil num projeto de Lusofonia sem distinção de credos, nacionalidades ou identidades culturais que depois de Portugal Continental, Açores (ilhas de São Miguel, Santa Maria e Graciosa), Brasil, Macau e Galiza continua a tentar negociar idas a outros países: Itália, EUA, Canadá, Cabo Verde, Angola, Moçambique, Timor-Leste, Polónia, Roménia, França e outros países.
Gostaria de começar usando a frase de Martin Luther King, 28 agosto 1963, “I had a dream…” para explicar como já realizámos vinte e quatro Colóquios da Lusofonia.
Criados em 2001, passamos a associação cultural e científica sem fins lucrativos em 2010 e, cremos que podemos fazer a diferença, congregados em torno de uma ideia abstrata e utópica, a união pela mesma Língua. Partindo dela podemos criar pontes entre povos e culturas no seio da grande nação lusofalante, independentemente da nacionalidade, naturalidade ou ponto de residência.
Os colóquios juntam os congressistas no primeiro dia de trabalhos, compartilhando hotéis, refeições, passeios e, no último dia despedem-se como se de amigos/as de longa data se tratasse. Não buscam mais uma Conferência para o currículo - quem vem em busca disso cedo parte por se sentir desajustado/a - antes partilham ideias, projetos, criam sinergias, todos irmanados do ideal de “sociedade civil” capaz e atuante, para – juntos – atingirem o que as burocracias e hierarquias não podem ou não querem. É o que nos torna distintos de outros encontros científicos do género. É a informalidade e o contagioso espírito de grupo que nos irmana, que nos tem permitido avançar com ambiciosos projetos. Somos um vírus altamente contagioso fora do alcance das farmacêuticas.
Aliás, desde a primeira edição abolimos o sistema português de castas que distingue as pessoas pelos axiónimos, ou títulos apensos aos nomes. Esta pequena revolução tem permitido desenvolver projetos onde não se pretende a autoria mas a partilha do conhecimento. Sabe-se como isso é anátema nos corredores bafientos e nalgumas instituições educacionais (universidades, politécnicos e liceus para usar a velha designação mais abrangente), e daí termos realizado o 21º Colóquio numa praia…
Desconheço quando, como ou porquê se usou o termo lusofonia pela primeira vez, mas quando cheguei da Austrália (a Portugal) fui desafiado pelo meu saudoso mentor, José Augusto Seabra, a desenvolver o seu projeto de Lusofalantes na Europa e no Mundo e daí nasceram os Colóquios da Lusofonia.
Desde então, temos definido a nossa versão de Lusofonia como foi expresso ao longo destes últimos anos, em cada Colóquio. Esta visão é das mais abrangentes possíveis, e visa incluir todos numa Lusofonia que não tem de ser Lusofilia nem Lusografia e muito menos a Lusofolia que, por vezes, parece emanar da CPLP e outras entidades.
Ao aceitarem esta nossa visão muitas pontes se têm construído onde hoje só existem abismos, má vontade e falsos cognatos. Felizmente, temos encontrado pessoas capazes de operarem as mudanças. Só assim se explica que depois de José Augusto Seabra, hoje, os nossos patronos sejam Malaca Casteleiro, Evanildo Bechara e Concha Rousia.
1. No 1º Colóquio 2002 afirmou-se
Pretende-se repensar a Lusofonia, como instrumento de promoção e aproximação de povos e culturas. O Porto foi a cidade escolhida perdida que foi a oportunidade, como Capital Europeia da Cultura, de fazer ouvir a sua voz nos mídia nacionais e internacionais como terra congregadora de esforços e iniciativas em prol da língua de todos nós, da Galiza a Cabinda e Timor, passando pelos países de expressão portuguesa e por todos os outros países onde não sendo Língua oficial existem Lusofalantes.
Há tempos (2002) o emérito linguista anglófono Professor David Crystal escrevia-nos dizendo:
“O Português parece-me, tem um futuro forte, positivo e promissor garantido à partida pela sua população base de mais de 200 milhões, e pela vasta variedade que abrange desde a formalidade parlamentar até às origens de base do samba.
Ao mesmo tempo, os falantes de português têm de reconhecer que a sua língua está sujeita a mudanças – tal como todas as outras – e não se devem opor impensadamente a este processo. Quando estive no Brasil, no ano passado, por exemplo, ouvi falar dum movimento que pretendia extirpar todos os anglicismos. Para banir palavras de empréstimo doutras línguas pode ser prejudicial para o desenvolvimento da língua, dado que a isola de movimentações e tendências internacionais. O Inglês, por exemplo, tem empréstimos de 350 línguas – incluindo Português – e o resultado foi ter-se tornado numa língua imensamente rica e de sucesso.
A língua portuguesa tem a capacidade e força para assimilar palavras de Inglês e de outras línguas mantendo a sua identidade distinta. Espero também que o desenvolvimento da língua portuguesa seja parte dum atributo multilingue para os países onde é falada para que as línguas indígenas sejam também faladas e respeitadas, O que é grave no Brasil dado o nível perigoso e crítico de muitas das línguas nativas.”
Posteriormente, contactei aquele distinto linguista preocupado com a extinção de tantas línguas e a evolução de outras, manifestando-me preocupado pelo desaparecimento de tantas línguas aborígenes no meu país e espantado pelo desenvolvimento de outras. Mostrava-me apreensivo pelos brasileirismos e anglicismos que encontrara em Portugal após 30 anos de diáspora.
Mesmo admitindo que as línguas só têm capacidade de sobrevivência se evoluírem eu alertava para o facto de terem sido acrescentadas ao léxico 600 palavras pela Academia Brasileira (1999) das quais a maioria já tinha equivalente em português.
Sabendo como o Inglês destronou línguas (celtas e não só) em pleno solo do Reino Unido a partir do séc. V, tal como Crystal (1977) afirma no caso do Câmbrico, Norn e Manx, perguntava ao distinto professor qual o destino da língua portuguesa, sabendo que o nível de ensino e o seu registo linguístico eram cada vez mais baixos, estando a ser dizimados por falantes, escribas, jornalistas e políticos ignorantes, sem que houvesse uma verdadeira política da língua em Portugal.
A sua resposta em março 2002 pode-nos apontar um de muitos caminhos. Diz Crystal:
“As palavras de empréstimo mudam, de facto, o caráter duma língua, mas como tal não são a causa da sua deterioração. A melhor evidência disto, é sem dúvida a própria língua inglesa que pediu de empréstimo mais palavras do que qualquer outra, e veja-se o que aconteceu ao Inglês.
De facto, cerca de 80% do vocabulário Inglês não tem origem Anglo-Saxónica, mas sim das línguas Românticas e Clássicas incluindo o Português. É até irónico que algumas dos anglicismos que os Franceses tentam banir atualmente derivem de Latim e de Francês na sua origem.
Temos de ver o que se passa quando uma palavra nova penetra numa língua. No caso do Inglês, existem triunviratos interessantes como kingly (Anglo-saxão), royal (Francês), e regal (Latim) mas a realidade é que linguisticamente estamos muito mais ricos tendo três palavras que permitem todas as variedades de estilo que não seriam possíveis doutro modo. Assim, as palavras de empréstimo enriquecem a expressão.
Até hoje nenhuma tentativa de impedir a penetração de palavras de empréstimo teve resultados positivos. As línguas não podem ser controladas. Nenhuma Academia impediu a mudança das línguas.
Isto é diferente da situação das línguas em vias de extinção como por exemplo debati no meu livro Language Death. Se as línguas adotam palavras de empréstimo isto demonstra que elas estão vivas para uma mudança social e a tentar manter o ritmo. Trata-se dum sinal saudável desde que as palavras de empréstimo suplementem e não substituam as palavras locais equivalentes. O que é deveras preocupante é quando uma língua dominante começa a ocupar as funções duma língua menos dominante, por exemplo, quando o Inglês substitui o Português como língua de ensino nas instituições de ensino terciário.
É aqui que a legislação pode ajudar e introduzir medidas de proteção, tais como obrigação de transmissões radiofónicas na língua minoritária, etc. existe de facto uma necessidade de haver uma política da língua, em especial num mundo como o nosso em mudança constante e tão rápida, e essa política tem de lidar com os assuntos base, que têm muito a ver com as funções do multilinguismo.
Recordo ainda que não é só o Inglês a substituir outras línguas. No Brasil, centenas de línguas foram deslocadas pelo Português, e todas as principais línguas: Espanhol, Chinês, Russo, Árabe afetaram as línguas minoritárias de igual modo.”
Por partilhar a opinião do professor David Crystal espero que possam todos repensar a Lusofonia como instrumento de promoção e aproximação de culturas sem exclusão das línguas minoritárias que com a nossa podem coabitar.
Em 2002, patenteamos que era possível ser-se organizacionalmente INDEPENDENTE e descentralizar estes eventos sem subsidiodependências e provou-se, em poucos anos como os Colóquios já se afirmaram como a única realização regular, concreta e relevante - em todo o mundo - sobre esta temática, sem apoios nem dependências.
Os Colóquios inovaram nessa sua primeira edição e introduziram o hábito de entregarem as Atas/Anais em DVD/CD no ato de acreditação dos participantes.
2. No 2º Colóquio [2003] disse-se
Só através de uma política efetiva de língua se poderá defender e promover a expansão do espaço cultural lusófono, contribuindo decisivamente para a sedimentação da linga portuguesa como um dos principais veículos de expressão mundiais. Que ninguém se demita da responsabilidade na defesa do idioma independentemente da pátria. Hoje como ontem, a língua de todos nós é vítima de banalização e do laxismo. Em Portugal, infelizmente, a população está pouco consciente da importância e do valor do seu património linguístico. Falta-lhe o gosto por falar e escrever bem, e demite-se da responsabilidade que lhe cabe na defesa da língua que fala. Há outros aspetos de que, por serem tão correntes, já mal nos apercebemos: o mau uso das preposições, a falta de coordenação sintática, e a violação das regras de concordância, que, logicamente, afetam a estrutura do pensamento e a expressão.
Além dos tratos de polé que a língua falada sofre nos meios de comunicação social portugueses, uma nova frente se está a abrir com o ciberespaço e com as novas redes de comunicação em tempo real. Urge pois apoiar a formação linguística dos meios de comunicação social, promover uma verdadeira formação dos professores da área, zelar pela dignificação da língua portuguesa nos organismos internacionais, dotando-os com um corpo de tradutores e intérpretes profissionalmente eficazes.
A atual crise portuguesa não é meramente económica mas reflete uma nação em crise, dos valores à própria identidade. Jamais podemos esquecer que a língua portuguesa mudou através dos tempos, e vai continuar a mudar. A língua não é um fóssil. Também hoje, a mudança está a acontecer. Num país em que falta uma visão estratégica para uma verdadeira POLÍTICA DA LÍNGUA, onde o cinzentismo e a uniformidade são a regra de referência, onde a competição é uma palavra tabu, onde o laxismo e a tolerância substituem a exigência e a disciplina, onde a posse de um diploma superior constitui ainda uma vantagem competitiva, claro que continua a grassar a desresponsabilização.
Os cursos superiores estão desajustados do mercado de trabalho, as empresas vivem alheadas das instituições académicas, existem cursos a mais que para nada servem, existem professores que mantêm cursos abertos para se manterem empregados. Ao contrário do que muitos dizem Portugal não tem excesso de licenciados mas sim falta de empregos. Mas será que falam Português?
3. No 3º Colóquio [2004], cujo tema era a Língua Mirandesa, dizia-se
Estamos aqui para juntos fazermos ouvir a nossa voz, para que Bragança seja uma terra onde se congregam esforços e iniciativas em prol da língua de todos nós, da Galiza a Timor, passando pelos países de expressão portuguesa e por todos os outros países onde não sendo Língua oficial existem Lusofalantes. Este Colóquio como pedrada no charco que pretendia ser, visava alertar-nos para a existência duma segunda língua nacional que mal sabemos que existe e cujo progresso é já bem visível em menos duma década de esforço abnegado e voluntarioso duma mão cheia de pessoas que acreditaram. Visa alertar-nos para a necessidade de sermos competitivos e exigentes, sem esperarmos pelo Estado ou pelo Governo e tomarmos a iniciativa em nossas mãos. Assim como criamos estes Colóquios, também cada um de vós pode criar a sua própria revolução, em casa com os filhos, com os alunos, com os colegas e despertar para a necessidade de manter viva a língua de todos nós. Sob o perigo de soçobrarmos e passarmos a ser ainda mais irrelevantes neste curto percurso terreno.
4. Em 2004, lançamos
A campanha que salvou da extinção o importante portal Ciberdúvidas.
5. No 4º Colóquio [em 2005] sobre a Língua Portuguesa em Timor-Leste, escrevia-se
“O português faz parte da História timorense. Não a considerar uma Língua oficial colocaria em risco a sua identidade”, defende o linguista australiano Geoffrey Hull no seu recente livro Timor-Leste. Identidade, língua e política educacional. A língua portuguesa "tem-se mostrado capaz de se harmonizar com as línguas indígenas" e é tanto mais plausível porque "o contacto com Portugal renovou e consolidou a cultura timorense e quando Timor-Leste emergiu da fase colonial não foi necessário procurar uma identidade nacional, o país era único do ponto de vista linguístico. O português não é um idioma demasiado difícil para os timorenses pois estes já possuem um relativo conhecimento passivo do português, devido ao facto de que já falam o Tétum-Díli", afirma Hull. "A juventude deve fazer um esforço coletivo para aprender ou reaprender" a língua portuguesa”.
Estas eram, de facto, as premissas com que partimos para o 4º Colóquio. Não sabíamos ainda que teríamos entre nós a presença do Prémio Nobel da Paz, D. Carlos Filipe Ximenes Belo, muito menos imaginávamos que teríamos a exposição de fotografia do Presidente XANANA GUSMÃO (Rostos da Lusofonia), e que o Colóquio coincidia com o maior eclipse anular do sol desde o início do século passado.
Durante dois dias foi debatido o futuro do português na ex-colónia, além de temas mais genéricos como as tradições, a literatura e a tradução em geral.
As razões desta temática orientada para Timor-Leste têm a ver com um dos aspetos que consideramos de certo modo controverso. Em termos linguísticos é a primeira vez que se faz uma experiência destas no mundo: impor-se uma Língua oficial numa nação onde não existe uma língua própria, mas várias línguas: a franca, o Tétum e vários dialetos. O objetivo destas iniciativas é “aproveitar a experiência profissional e pessoal de cada pessoa dentro da sua especialidade para que os restantes oradores possam depois partir para o terreno e utilizarem instrumentos que já deram resultados noutras comunidades”.
De acordo com várias fontes, o aumento do número de falantes do português quase que triplicou desde a independência de Timor, há cinco anos. A organização do Colóquio entende que "foi sobremodo graças à ação da Igreja Católica que a língua portuguesa se manteve em Timor", e dai a relevância da presença do Bispo resignatário de Díli, D. Carlos Ximenes Belo, no segundo dia de trabalhos.
Dentre os temas debatidos focando aspetos curiosos da Geografia à História de Timor, passando pelo Ensino e Cooperação, é importante realçar que os projetos com melhor e maior acolhimento foram aqueles que saíram das linhas institucionais rígidas. Trata-se de projetos em que os professores e cooperantes adaptaram os programas à realidade timorense e assim conseguiram uma adesão e participação entusiástica dos timorenses, que hoje os substituem já nessas tarefas. Este aspeto é notável, pois colide com a burocracia oficial e rígida que estipula quais os programas a aplicar sem conhecimento da realidade local e suas idiossincrasias.
Em especial dois destes temas foram abordados por cooperantes brasileiros e portugueses, esperando-se que iniciativas semelhantes possam ser reproduzidas no futuro, pois só estes permitem preparar os timorenses para tomarem os seus destinos e os da sua Língua Portuguesa nas suas próprias mãos. A ideia transversal e principal deste Colóquio era o futuro do português em Timor.
“O Tétum está a ser enriquecido com toda uma terminologia que deriva automaticamente do português, e não do Inglês. Enquanto as línguas tradicionais cada vez mais se servem do Inglês, o Tétum está a servir-se do português para criar palavras que não existem na sua língua franca o que enriquece tanto o português como o Tétum”.
Quanto ao futuro da língua portuguesa no mundo não hesito em afirmar que “de momento está salvaguardado através do seu enriquecimento pelas línguas autóctones e pelos crioulos, que têm o português como língua de partida. Enquanto a maior parte das línguas tende a desaparecer visto que não há influências novas, o português revela nalguns locais do mundo uma vitalidade fora do normal. A miscigenação com os crioulos e com os idiomas locais vai permitir o desenvolvimento desses crioulos e a preservação do português”.
Por isso “não devemos ter medo do futuro do português no mundo porque ele vai continuar a ser falado e a crescer nos restantes países”.
6. Em 2006, no 6º Colóquio
No V Colóquio debateram-se os modelos de normalização linguística na Galiza e a situação presente, onde o genocídio linguístico atingiu uma forma nova e subtil, já não através da perseguição aberta e pública do galego, como em décadas passadas, mas pela promoção social, escolar e política de uma forma oral e escrita deturpada, castelhanizada, a par de uma política ativa de exclusão dos dissidentes lusófonos (os denominados reintegracionistas e lusistas).
Debateu-se uma Galiza que luta pela sua sobrevivência linguística, numa altura em que a UNESCO advertiu do risco de castelhanização total nas próximas décadas. Falou-se de história, dos vários avanços e recuos e de vários movimentos a favor da língua portuguesa na Galiza, teceram-se críticas, comentários e apontaram-se soluções, sendo quase universalmente exigida a reintrodução do Português na Galiza através de várias formas e meios. Existe aqui ampla oportunidade para as televisões portuguesas descobrirem aquele mercado de quase três milhões de pessoas. As oportunidades comerciais de penetração da Galiza podem ser uma porta importante para a consolidação da língua naquela Região Autónoma. Foi sobejamente assinalada a quase generalizada apatia e desconhecimento do problema da língua na Galiza por parte dos portugueses e o seu esquecimento por parte das entidades oficiais sempre temerosas de ofenderem o poder central em Madrid. Faltam iniciativas como esta para alertar, um número cada vez maior, as pessoas para este genocídio linguístico, desconhecido e que mora mesmo aqui ao lado.
Por outro lado, constatou-se a necessidade de uma maior concertação e união entre as várias associações em campo que propugnam a língua portuguesa na Galiza. A sua presença regular em eventos semelhantes em Portugal pode alargar o número de académicos preocupados com o tratamento de polé dado à língua nossa antepassada num território que por mercê duma conquista histórica de há 500 anos teima em não perder a sua língua original, que é a nossa. O anúncio por Martinho Montero da criação duma Academia Galega da Língua Portuguesa é simultaneamente arriscado e ousado mas pode ser um passo em frente para a concretização do sonho de muitos galegos.
Os problemas da tradução foram também debatidos como forma de perpetuar e manter a criatividade da língua portuguesa nos quatros cantos do mundo, algo que é importante realçar pois as pessoas não se apercebem muitas vezes desta vertente, sendo a mais surpreendente comunicação (Barbara Juršič), uma referente à tradução de obras portuguesas (de Saramago a Mia Couto) na Eslovénia. “Enquanto a tradução de obras portuguesas não estiver suficientemente difundida, a língua portuguesa não pode alcandorar-se ao nível de reconhecimento mundial doutras línguas. Começa a haver um certo número de traduções de livros de autores portugueses, mas é altamente deficiente e deficitária. Uma das formas de preservar a língua é através da tradução. Só a tradução de obras permite a divulgação, algo muito importante na preservação da língua.” Por outro lado, conseguiu-se que os colóquios se tornassem graças à sua persistência na única iniciativa, concreta e regular em Portugal nos últimos cinco anos sobre esta temática.
A intenção destes colóquios é diferente da maioria das realizações congéneres. Pela sua independência permite a participação de um leque alargado de oradores, sem temores nem medo de represálias dos patrocinadores institucionais sejam eles governos, universidades ou meros agentes económicos. Por outro lado, ao contrário de outros encontros e conferências de formato tradicional em que as pessoas se reúnem e no final há uma ata cheia de boas intenções (raramente concretizadas) com as conclusões, estes colóquios visam aproveitar a experiência profissional e pessoal de cada um dentro da sua especialidade e dos temas que estão a ser debatidos, para que os restantes oradores possam depois partir para o terreno, para os seus locais de trabalho e utilizarem instrumentos que já deram resultados noutras comunidades. Ou seja verifica-se a criação de uma rede informal que permite um livre intercâmbio de experiências e vivências, que se prolonga ao longo dos anos, muito para lá do Colóquio em que intervieram.
Estes Colóquios podem ser ainda marginais em relação às grandes diretrizes aprovadas nos gabinetes de Lisboa, de Brasília, ou de qualquer outra capital, mas na prática têm servido para inúmeras pessoas aplicarem as experiências doutros colegas à realidade do seu quotidiano de trabalho com resultados surpreendentes e bem acelerados como se viu na edição de 2005, com a campanha para salvar o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa e com o lançamento a nível oficial do Observatório da Língua Portuguesa.
Portugal e Brasil continuam a valorizar o acessório e a subestimar o essencial. Os portugueses e brasileiros não têm uma verdadeira política da Língua, e não conjugam objetivos através duma CPLP adormecida, enquanto franceses e ingleses estão bem ativos.
O atual impacto mundial da língua portuguesa existe sobretudo por ação dos outros. A R. P. da China prepara [em Macau] os seus melhores quadros para dominarem a língua portuguesa e desta forma conquistarem os mercados lusófonos. Irá depender sobretudo do esforço brasileiro em liderar que a Lusofonia poderá avançar, levando a reboque os países africanos ainda cheios de complexos do seu velho e impotente colonizador Portugal. A língua portuguesa é alimentada de forma diferente de acordo com as realidades sociais, económicas, culturais, etc., dos países onde está instituída e os quais estão geograficamente distantes uns dos outros. A Língua Portuguesa pode ser o veículo de aproximação entre os países lusófonos e as comunidades lusofalantes.
Os meus compatriotas aborígenes australianos preservaram a sua cultura ao longo de sessenta mil anos, sem terem escrita própria, mas a sua cultura foi mantida até aos dias de hoje, pois assentava na transmissão via oral de lendas e tradições. Este é um dos exemplos mais notáveis de propagação das características culturais de um povo que nunca foi nação.
Uma das coisas mais importantes que a Austrália me ensinou foi a tolerância pelas diferenças étnicas e culturais, e o facto de ter aprendido a conviver e a viver com a diferença. Sem aceitarmos estas diferenças jamais poderemos progredir, pois que só da convivência com outras etnias e culturas poderemos aspirar a manter viva a nossa. Devemos aceitar a Lusofonia e todas as suas diversidades culturais sem exclusão, que com a nossa podem coabitar. Essa a mensagem dos 5 colóquios anuais da lusofonia e dos encontros açorianos da lusofonia.
7. Em 2007, no 8º colóquio buscou-se um tema ainda mais polémico e a necessitar de debate:
“O Português no século XXI, a variante brasileira rumo ao futuro. O risco real da separação ou não. Unificação ou diversificação: esta a agenda para as próximas décadas.” Assim, a verificar-se (e creio ser só uma questão de tempo) a emancipação da variante brasileira, a língua portuguesa europeia estará condenada a uma morte lenta associada a uma rápida diminuição e envelhecimento da população de Portugal que aponta para uns meros 8,7 milhões em 2050 contra os atuais 10,7 milhões.
Quanto a Bragança encontrei ali formas vernaculares (quase medievais) da língua que perduraram a todos os níveis da população independentemente da sua classe socioeconómica e da sua educação, mas de que constato uma quase vergonha dos seus falantes por entenderem que não falam português correto, o que aliado à desertificação humana desta região tende igualmente a acabar. Tenho um filho de 7 anos que em pouco mais de ano e meio adaptou para seu uso um vernáculo totalmente distinto do que ouve em casa e que faz rir os seus primos do Porto... a própria construção gramatical é diferente. Creio que como cidadão australiano há mais de 25 anos a lutar em prol da preservação da língua e cultura portuguesa de meus antepassados, ninguém está mais interessado na sua preservação. Creio que ela poderá ser feita numa evolução dinâmica aceitando os desafios e alterações que a própria língua inevitavelmente irá sofrer.
Os Portugueses quase sempre alheados destes problemas e sempre temerosos de ofenderem a vizinha Espanha esquecem-se de que a vizinha e irmã é a Galiza e não a Espanha da velha Castela e da unificação à força. Foi nos primeiros dias do ano de 2006 na RTP num telejornal à hora do almoço, que pela primeira vez ouvimos falar os Galegos sobre os seus problemas com a nossa (e deles) língua.
Qual é a nossa responsabilidade como professores, jornalistas, estudiosos da língua em relação a esta guerra silenciosa que aqui ao lado consome tantos e a nós nos deixa indiferentes. Trata-se dum povo que fala a língua da Lusofonia de que tantos falam mas de que tão poucos cuidam. Ou será que a Lusofonia continua a ser entendida por muitos como uma extensão do ex-Império? Esses velhos do Restelo, amantes dum passado que se espera nunca mais volte têm de despertar para a realidade e confrontar-se com ela por mais desagradável que lhes seja.
Os desafios que se põem nestes Colóquios são grandes. A divisão na Galiza é enorme entre lusistas, reintegracionistas e todos os outros. Será que vão conseguir finalmente criar uma plataforma abrangente que permita o entendimento entre algumas das várias correntes de pensamento? Ou irão continuar na sua guerrilha contra tudo e todos que não estejam de acordo com as teorias que professam. A importância do debate é enorme como atrás se inferiu. Ou o Galego é Português mesmo que seja uma variante, como o Brasileiro ou então o que é? Se for uma língua própria teremos todos de nos cuidar, porque o Brasil com mais razão e há mais tempo pode igualmente fazê-lo.
Cremos que esse não será o caminho. O Português, ao contrário do que muitos pensam não tem pernas para andar sozinho com uma população entre 9 e 15 milhões se incluirmos os expatriados, e tem de contar sobretudo com o número de falantes no Brasil, na Galiza, em Angola, Moçambique, Timor, Cabo Verde, S. Tomé, Guiné-Bissau e por toda a parte onde haja comunidades de lusofalantes, mesmo nas velhas comunidades esquecidas de Goa, Damão, Diu, Malaca.
São lusofalantes os que têm o Português como língua, seja Língua-Mãe, língua de trabalho ou língua de estudo, vivam eles no Brasil, em Portugal nos PALOP’s, na Galiza, em Macau ou em qualquer outro lugar, sejam ou não nativos, naturais, nacionais ou não de qualquer um dos países lusófonos.
O espaço dos Colóquios [Anuais] da Lusofonia é um espaço privilegiado de diálogo, de aprendizagem, de intercâmbio e partilha de ideias, opiniões, projetos por mais díspares ou antagónicos que possam aparentar. É esta a Lusofonia que defendemos como a única que permitirá que a Língua Portuguesa sobreviva nos próximos duzentos anos sem se fragmentar em pequenos e novos idiomas e variantes que, isoladamente pouco ou nenhum relevo terão.
Se aceitarmos todas as variantes de Português sem as discriminarmos ou menosprezarmos, o Português poderá ser com o Inglês uma língua universal colorida por milhentos matizes da Austrália aos Estados Unidos, dos Açores às Bermudas, à Índia e a Timor. O Inglês para ser língua universal continuou unido com todas as suas variantes.
Ao longo de mais de uma década tivemos colóquios em vários locais. Começámos no Porto, depois tivemos Bragança como base entre 2003 e 2010, Seia em 2013, Brasil (2010), Macau (2011), Galiza (2012), e nos Açores, na Ribeira Grande (2006-7), Lagoa (2008-12), Vila do Porto (2011), Maia (2013) na praia, nos Moinhos de Porto Formoso em 2014 e, de novo, em Seia 2014.
Os Colóquios são independentes de forças políticas e institucionais, através do pagamento das quotas dos associados e do pagamento de inscrições dos congressistas. Buscam apoios protocolados especificamente para cada evento, concebido e levado a cabo por uma rede de voluntários. Pautam-se pela participação de um variado leque de oradores, sem temores nem medo de represálias. Ao nível logístico, tentam beneficiar do apoio das entidades com visão para apoiar a realização destes eventos. Estabeleceram várias parcerias e protocolos com universidades, politécnicos, autarquias e outros que permitem embarcar em projetos mais ambiciosos e com a necessária validação científica.
Nos Açores, agregaram académicos, estudiosos e escritores em torno da identidade açoriana, sua escrita, lendas e tradições, numa perspetiva de enriquecimento da LUSOFONIA. Pretendia-se divulgar a identidade açoriana não só nas comunidades lusofalantes mas em países como a Roménia, Polónia, Bulgária, Rússia, Eslovénia, Itália, França, e onde têm sido feitas traduções de obras e de excertos de autores açorianos. Tornaram-se uma enorme tertúlia reforçando a açorianidade e vincando bem a insularidade.
De referir que em todos os colóquios mantivemos sempre uma sessão dedicada à tradução que é uma importante forma de divulgação da nossa língua e cultura. Veja-se o exemplo de Saramago que vendeu mais de um milhão de livros nos EUA onde é difícil a penetração de obras de autores de outras línguas e culturas.
Relembremos agora algumas das nossas conquistas não enunciadas antes:
8. Em 2007 no 8º colóquio
Atribuíram o 1º Prémio Literário da Lusofonia e debateram, pela primeira vez em Portugal, o Acordo Ortográfico 1990.
9. Em 2008 no 10º colóquio
Inauguraram a Academia Galega da Língua Portuguesa e o Presidente da Academia de Ciências de Lisboa Professor Adriano Moreira deslocou-se propositadamente para dar “o apoio inequívoco da Academia de Ciências aos Colóquios da Lusofonia”. Na sequência desta vinda, doaria o seu espólio a Bragança onde se encontra na Biblioteca Municipal com o seu nome. Idêntica visita ocorreu em 2009 na Lagoa (Açores). A partir de 2007 prosseguimos, incansáveis, a nossa campanha pela implementação total do Acordo Ortográfico 1990, com o laborioso apoio de Malaca Casteleiro e Evanildo Bechara na luta pela Língua unificada que propugnamos para as instâncias internacionais.
10. Em 2009 nos 11º e 12º,
Definimos os projetos do MUSEU DA LUSOFONIA e do MUSEU DA AÇORIANIDADE que infelizmente não tiveram cabimento financeiro. Nesse ano convidámos o escritor Cristóvão de Aguiar para a Homenagem Contra O Esquecimento, que incluía Carolina Michaëlis, Leite De Vasconcellos, Euclides Da Cunha, Agostinho Da Silva, Rosália De Castro. Um protocolo foi estabelecido em 2009 com a Universidade do Minho para ministrar um Curso Breve de Estudos Açorianos que decorreu posteriormente.
11. Em janeiro de 2010
Lançámos os Cadernos de Estudos Açorianos (em formato pdf no nosso portal www.lusofonias.net), que trimestralmente publicámos, estando já disponíveis mais de duas dezenas de cadernos, suplementos e vídeo-homenagens a autores açorianos. Servem de suporte ao curso de Açorianidades e Insularidades que pretendemos levar online para todo o mundo e de iniciação para os que querem ler autores açorianos cujas obras dificilmente se encontram.
12. Também em 2010,
O 13º Colóquio deslocou-se ao Brasil, participou na conferência da CPLP em Brasília, visitou o Museu da Língua Portuguesa em São Paulo e no Rio foi recebido na Academia Brasileira de Letras, onde palestraram Malaca Casteleiro, Concha Rousia e Chrys Chrystello, antes de se rumar a essa décima ilha açoriana que é Santa Catarina e Florianópolis.
13. Em 2010, Bragança, no 14º colóquio,
Na Sessão de Poesia, tivemos poemas de Vasco Pereira da Costa, uma vídeo homenagem ao autor e a declamação ao vivo do poema “Ode ao Boeing 747” em 11 das 14 línguas para que foi traduzido pelos Colóquios (Alemão, Árabe, Búlgaro, Catalão, Castelhano, Chinês, Flamengo, Francês, Inglês, Italiano, Neerlandês, Polaco, Romeno, Russo). Malaca Casteleiro sugerira no XIII Colóquio que se valorizassem as publicações de trabalhos das Atas através de um ANUÁRIO de comunicações selecionadas e não editadas em papel do 1 ao 13º colóquios, o qual já está no portal, disponível apenas para os associados.
14. Em 2011, no 15º colóquio,
Uma numerosa comitiva deslocou-se a Macau com o generoso apoio do Instituto Politécnico local e lá se firmaram novos protocolos embora ainda não tenham trazido resultados práticos. Ali se lançou o segundo volume do livro ChrónicAçores de Chrys Chrystello
15. Nesse ano de 2011, no 16º colóquio,
Fomos pela primeira vez a Santa Maria, Ilha-Mãe. Em Vila do Porto, além se apresentar a Antologia bilingue de autores açorianos, o XVI Colóquio da Lusofonia aprovou uma DECLARAÇÃO DE REPÚDIO pela atitude de Portugal que olvidando séculos de história comum da língua, excluiu a Galiza - representada pela AGLP - do seio das comunidades lusófonas. A Galiza esteve sempre representada desde 1986 em todas as reuniões relativas ao novo Acordo Ortográfico e o seu léxico foi integrado em vários dicionários e corretores ortográficos. A sua exclusão a posteriori do seio da CPLP representa um grave erro histórico, político e linguístico que urge corrigir urgentemente.
16. Em 2012 no 17º colóquio na Lagoa,
Reunimos 9 autores na HOMENAGEM CONTRA O ESQUECIMENTO: Eduardo Bettencourt Pinto (Canadá), Caetano Valadão Serpa (EUA); de São Miguel: Eduíno de Jesus, Fernando Aires (representado pela viúva Dra. Idalinda Ruivo e filha Maria João); Daniel de Sá; da Ilha Terceira, Vasco Pereira da Costa e Emanuel Félix representado pela filha e poeta Joana Félix; da Ilha do Pico, Urbano Bettencourt, e do Brasil, Isaac Nicolau Salum (descendente de açorianos) com a presença da filha Maria Josefina.
17. Em outubro 2012, no 18º colóquio,
Levamos os Colóquios a Ourense na Galiza, parcela esquecida da Lusofonia que foi o berço da língua de todos nós que tenta reunir-se com as demais comunidades lusofalantes. Ali houve uma cerimónia especial da Academia Galega em que foram empossados oito novos Académicos Correspondentes. Foi um evento rico em trabalhos científicos e apresentações mas com fraca adesão de público.
18. Na Lagoa e na Galiza (2012)
Difundimos o MANIFESTO AICL 2012, a língua como motor económico, (ver no fim) como contributo para uma futura política da língua no Brasil e em Portugal. Vivemos hoje uma encruzilhada semelhante à da Geração de 1870 e das Conferências do Casino. Embora maioritariamente preocupados com aspetos mais vastos da linguística, literatura, e história, somos um grupo heterogéneo unido pela Língua comum e que configura o mundo, sem esquecer que Wittgenstein disse que o limite da nacionalidade é o limite do alcance linguístico.
Falta dizer que dois importantes projetos dos colóquios viram a luz do dia em 2011 e 2012, a Antologia Bilingue de (15) Autores Açorianos Contemporâneos e a Antologia de (17) Autores Açorianos Contemporâneos (em 2 volumes), editadas pela Calendário de Letras da autoria de Helena Chrystello e Rosário Girão, lançadas em Portugal e Açores (2011-2013), Galiza e Toronto (2012) bem como as obras completas em poesia celebrando 40 anos de vida literária de Chrys Chrystello num volume intitulado Crónica do Quotidiano Inútil
19. Na Maia (2013) no 19º colóquio,
Lançaram-se vários novos projetos, a Antologia no feminino (9 Ilhas 9 escritoras), um cancioneiro, o projeto de musicar poemas, e o novo Prémio Literário AICL Açorianidade. Registou-se a presença, pela primeira vez de representantes do Camões e do IILP (Instituto Internacional da Língua Portuguesa) da CPLP
20. Em Seia (2013) no 20º colóquio,
Criou-se um projeto de levantamento do Corpus da Lusofonia pelo Grupo Interdisciplinar, de Pesquisas em Linguística Informática (GIPLI) sob a coordenação da Professora Doutora Zilda Zapparoli, que será composto por textos em língua portuguesa de diversos países lusófonos. Esta proposta foi feita a José Lopes Moreira Filho durante a sua comunicação ao 20º Colóquio, e pressupõe a disponibilidade de ferramentas computacionais para tratamento e análise de textos.
Iremos continuar com o projeto de musicar poemas de autores açorianos e dos colóquios, como a Ana Paula Andrade demonstrou no 19º e 20º colóquios ao apresentar temas de Álamo Oliveira, Luísa Ribeiro, Norberto Ávila, Concha Rousia e Chrys Chrystello.
Igualmente iremos prosseguir com o projeto de musicar autores em versão pop, como tem sido feito pelo grupo de professores da Escola da Maia em São Miguel, Açores, com vista ao lançamento de um CD.
Prosseguiremos à medida das disponibilidades dos nossos tradutores, com traduções de excertos de autores açorianos. Tenta-se colocar a Antologia de Autores Açorianos no Plano Nacional de Leitura (ela que já consta do Plano Regional de Leitura dos Açores).
21. 2014, o 21º colóquio
Teve a particularidade de nos obrigar a fechar as inscrições dois meses antes da data prevista por haver excesso de oradores para o idílico local onde se realizou – a Praia dos Moinhos, Porto Formoso. Nesse ano lançou-se o 2º Prémio Açorianidade (2014 – Poesia em honra de Brites Araújo), e publicaremos o 1º Prémio Literário AICL Açorianidade (2013 – Judite Jorge) no 22º Colóquio além de tentarmos criar o Centro de Estudos Virgilianos com apoio do IPG, UBI, e outras entidades, sendo o Professor Malaca Casteleiro encarregado de providenciar aos esforços tendentes a conseguir este desiderato. Lançamos no 21º Colóquio mais dois projetos: a Coletânea de Textos Dramáticos de autores açorianos, da autoria de Helena Chrystello e Lucília Roxo (incluindo Álamo Oliveira, Martins Garcia, Norberto Ávila, Daniel de Sá, e Onésimo Teotónio de Almeida) bem como a Antologia no feminino “9 Ilhas, 9 escritoras” incluindo Brites Araújo, Joana Félix, Judite Jorge, Luísa Ribeiro, Luísa Soares, Madalena Férin, Madalena San-Bento, Natália Correia, Renata Correia Botelho
22. Em 2014, no 22º colóquio em Seia,
Tivemos dois dos maiores vultos da ciência portuguesa, desconhecidos para a maioria da população – os professores José Carlos Teixeira do Canadá, especialista em Geografia Humana e o professor José António Salcedo, especialista mundial em ótica e laser. Conseguimos igualmente trazer um grupo de dançarinos/as de Timor-Leste que ao longo de três sessões nos encantaram, tentando fazer uma aproximação entre culturas lusófonas bem distantes.
23.
Anunciaram-se inovações interativas para o preenchimento das fichas de inscrição e a preparação de pequeno volume 9 Ilhas, 9 autores 9 línguas traduzidas
Muito resumidamente, foi isto que os Colóquios fizeram numa década, provando a vitalidade da sociedade civil quando se congregam vontades e esforços de tantos académicos e investigadores como aqueles que hoje dão vida aos nossos projetos. Esperemos que mais se juntem à AICL – Colóquios da Lusofonia - para fazermos chegar o nosso MANIFESTO a toda a gente e aos governos dos países de expressão portuguesa. Ponto de partida para o futuro que ambicionamos e sonhamos. Com a vossa ajuda e dedicação muito mais podemos conseguir como motor pensante da sociedade civil.
Ao terminar podemos questionar quanto vale um idioma? Se a Língua Portuguesa estivesse numa prateleira de supermercado, estaria num nicho de luxo ou esquecida num canto, para promoção de minimercado?
Estamos acostumados a medir o valor económico dos objetos a que um idioma dá nome, e não do idioma em si. Um estudo solicitado pelo Camões ao Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), em Portugal, encarou o desafio de medir essa grandeza, e revela que 17% do PIB do país equivale a atividades ligadas direta ou indiretamente à Língua Portuguesa.
-“É um percentual interessante, por ter ficado ligeiramente acima do que se apurou na Espanha relativamente ao espanhol (15%) ” - analisa Carlos Reis, da Universidade de Coimbra, Professor Visitante da PUC-RS e um dos fundadores da Universidade Aberta em Portugal, da qual foi reitor até julho 2012.
O índice leva em conta a importância relativa da comunicação e da compreensão em campos de atividades económicas. Privilegia relações que exigem uma língua e descarta atividades que podem ser executadas por trabalhadores de outra nacionalidade ou competência linguística. Ramos como ensino, cultura e telecomunicações seriam celeiros automáticos de atividades em que a língua é fulcral. Além destas "indústrias da língua", há as ligadas a fornecedores de produtos em Português, como a administração pública, o setor de serviços, ou as que induzem maior conteúdo de Língua para a economia como um todo, da indústria de papel à de eletrodomésticos.
A pesquisa indica que o fenómeno se repete em coeficientes aplicáveis aos países lusófonos. Línguas com muitos utilizadores fornecem mercado maior para bens culturais. O crescimento sustentado da última década fez o gigante da Língua Portuguesa saltar aos olhos globais.
O Brasil é líder das relações comerciais entre países lusófonos, movimentando um Produto Interno Bruto que passou de US$ 1,9 mil milhões em 2009 para US$ 2,3 mil milhões em 2010, diz o Banco Mundial. Já o PIB dos imigrantes de Língua Portuguesa noutros países ronda US$ 107 mil milhões (2009).
A diferença entre os países pobres e os ricos não é a idade do país. Isto está demonstrado em casos como o do Egito, com mais de 5.000 anos, e é pobre.
Por outro lado, o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia, que há 200 anos eram inexpressivos, hoje são países desenvolvidos e ricos. A diferença entre países pobres e ricos também não reside nos recursos naturais disponíveis.
O Japão possui um território limitado, 80% montanhoso, inadequado para a agricultura e para a criação de gado, mas é a segunda economia mundial, uma imensa fábrica flutuante, que importa matéria-prima do mundo inteiro e exporta produtos manufaturados.
Outro exemplo é a Suíça, que não planta cacau, mas tem o melhor chocolate do mundo no seu pequeno território onde cria animais, e cultiva o solo durante quatro meses ao ano, no entanto, fabrica laticínios da melhor qualidade. É um país pequeno com uma imagem de segurança, ordem e trabalho, como cofre-forte do mundo.
Na comparação entre gestores dos países ricos e os seus homólogos dos países pobres, demonstra-se que não há qualquer diferença intelectual.
A raça, ou a cor da pele, também não são importantes: os imigrantes rotulados como preguiçosos nos seus países de origem, são a força produtiva dos países europeus ricos. Onde está então a diferença? Está no nível de consciência do povo, no seu espírito. A evolução da consciência deve constituir o objetivo primordial do Estado, em todos os níveis do poder. Os bens e os serviços são apenas meios…
A educação (para a vida) e a cultura ao longo dos anos devem plasmar consciências coletivas, estruturadas nos valores eternos da sociedade: moralidade, espiritualidade, e ética.
24. Solução-síntese:
Transformar a consciência do Português. O processo deve começar na comunidade onde vive e convive o cidadão. A comunidade, quando está politicamente organizada em Associação de Moradores, Clube de Mães, Clube de Idosos, etc., torna-se um micro Estado. As transformações desejadas serão efetuadas nesses microestados, que são os átomos do organismo nacional – confirma a Física Quântica.
Ao analisarmos a conduta das pessoas nos países ricos e desenvolvidos, constatamos que a grande maioria segue o paradigma quântico, isto é, a prevalência do espírito sobre a matéria, ao adotarem os seguintes princípios de vida:
1. A ética, como base;
2. A integridade;
3. A responsabilidade;
4. O respeito às leis e aos regulamentos;
5. O respeito pelos direitos dos outros cidadãos;
6. O amor ao trabalho;
7. O esforço pela poupança e pelo investimento;
8. O desejo de superação;
9. A pontualidade.
Somos como somos, porque vemos os erros e encolhemos os ombros dizendo: “não interessa!” A preocupação de todos deve ser com a sociedade, que é a causa, e não com a classe política, que é o triste efeito. Só assim conseguiremos mudar o Portugal de hoje. Vamos agir!
Muito mais se poderia dizer sobre a ação dos Colóquios quer a nível das suas preocupações com o currículo regional dos Açores e outras questões nacionais e internacionais, mas o que atrás fica dito espelha bem a realidade das nossas iniciativas.
Reflitamos sobre o que disse Martin Luther King:
" O que é mais preocupante, não é o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, ou dos sem ética. O que é mais preocupante é o silêncio dos que são bons…"
25. Leia o MANIFESTO (2012) CONTRA A CRISE: A LÍNGUA COMO MOTOR ECONÓMICO,
http://www.lusofonias.net/propostas-aicl/manifesto-aicl-2012.html