VASCO PEREIRA DA COSTA é o escritor (da Açorianidade) convidado dos Colóquios da Lusofonia :

os colóquios da lusofonia (Bragança 2010) trabalharam o poema Boeing 747 que foi traduzido em 15 línguas...leia aqui      em búlgaro      em russo

ouça a entrevista dada em macau à TDM

 
   VASCO PEREIRA DA COSTA,  ESCRITOR AÇORIANO,
CONVIDADO ESPECIAL DOS COLÓQUIOS 2010-2011 

 Vasco Pereira da Costa nasceu em Angra do Heroísmo, no ano de 1948.
Professor do ensino secundário durante vários anos, esteve ligado à formação de professores, exercendo funções docentes na Escola Superior de Educação de Coimbra.

Desempenhou funções de diretor do Departamento de Cultura, Turismo e Espaços Verdes da Câmara Municipal de Coimbra.

Tem proferido conferências sobre temas literários e pedagógicos em Portugal e nos EUA, Venezuela, África do Sul, Senegal, Espanha, França, Inglaterra, Bélgica, Holanda e Itália.

Fez parte do grupo de trabalho "Culture sans frontières" da DG X da União Europeia para o estudo do turismo cultural nas cidades europeias de média dimensão.

Em representação da A. P. E. tem integrado diversos júris de prémios literários, designadamente, o Grande Prémio A. P. E. de poesia.

Foi representante de Portugal no programa FAULT LINES da True and Reconciliation Comission da República da África do Sul.

Tem trabalhado para a rádio e para a televisão em programas de índole literária e cultural e exercido, nesta área, funções de consultor para programas infantis.

Foi diretor regional da cultura dos Açores (2003-2008) e antes disso foi cônsul honorário de França em Coimbra.

Faz parte do Conselho Diretivo da Fundação Luso-americana para o Desenvolvimento (FLAD)

 É o autor açoriano convidado dos Colóquios da Lusofonia 2010-2011 NA HOMENAGEM CONTRA O ESQUECIMENTO.

 Além do mais é pintor, com o pseudónimo Manuel Policarpo. As suas mais recentes Exposições de Pintura ocorreram em 12 de Junho de 2009, no Museu dos Baleeiros das Lajes do Pico, depois na Ilha Terceira e em Outubro 2009 em São Miguel (Portas do Mar). Intitulava-se As Ilhas Conhecidas - Cartografia e Iconografia, e dela se retiram dois exemplares

Bibliografia:

 Poesia:

 Ilhíada;

Terras;

Riscos de Marear;

Sobre-Ripas-Sobre-Rimas;

My Californian Friends;

My Californian Friends (2ª Edição)

Terras.

Prosa:

 Conto e Romance:

Nas Escadas do Império, contos;

Amanhece a Cidade, romance;

Plantador de Palavras, Vendedor de Lérias, 1.º Prémio Torga de 1984;

Venho cá mandado do Senhor Espírito Santo, novela;

Memória Breve, contos.

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PRINCIPAIS OBRAS PUBLICADAS:

 Nas Escadas do Império: Contos. (1978) Coimbra, Centelha

Amanhece a Cidade, romance.  (1979) Coimbra ed. Centelha

Venho cá mandado do Senhor Espírito Santo, (1980) novela; Ed. Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa. Lisboa.

Ilhíada; (1981), (poesia) Angra do Heroísmo: SREC, col. “Gaivota”.

Plantador de Palavras, Vendedor de Lérias, 1.º Prémio Torga de 1984; (ler extrato aqui), (1984) Coimbra, Câmara Municipal,

Memória Breve, (1987) contos. Angra do Heroísmo, Instituto Açoriano de Cultura

Terras; (1997), (poesia) 1ª ed. Porto: Campo das Letras

Riscos de Marear; (1992) (poesia) Ponta Delgada : Eurosigno

Sobre-Ripas-Sobre-Rimas; (1994), Coimbra: Minerva

My Californian Friends; (1999), ed. Gávea Brown:

My Californian Friends (2ª Edição) (2000) Viseu, Palimage Editores

Manuel Policarpo

   Manuel Policarpo é oriundo da ilha do Pico. Com rápida passagem pela Terceira, desde há muito que vai calcorreando o mundo. Contudo, quando lhe perguntam onde nasceu, responde, mitificando:

nasci numa ilha

 por cima do mundo.

    Alardeia que é circunstância do tempo e dos espaços e que apenas caminha por onde o levam seus próprios passos. Mas reclama a sua condição de intelectual europeu e, por isso, mantém uma altiva distância por tudo o que é localista, regionalista, nacionalista, com pavor por toda a manifestação chauvinista.
   Vagamundeou o planeta – a Europa, antes de mais, onde descobre a latinidade e o romanismo como essência do aprendizado; as áfricas, de que não detém nem ao menos os cheiros; as américas que o deslumbram de Norte a Sul; as ásias que o inebriam, mas que lhe deixam, apenas, fugazes miradas que, a custo, guarda na memória. Reconhece, no entanto, ser ilhéu do Atlântico, reivindicando a ancestralidade de povoador primeiro dos Açores, reproduzindo, sobretudo, por mor de um tal capitão Thomé Gregório Ramalho, fecundador insaciável da Prainha do Norte, e de um tal João Salinas, escravo dos religiosos de São Francisco de Angra, putativo pai de uma pequena que vem a casar com Manuel de Barcelos, do melhor semental do Ramo Grande da Terceira: escravo e senhor, assim organiza o seu código genético.
   Aprendeu as capacidades expressivas da cor, primeiramente com a mãe, artista do efémero, artífice de flores de açúcar, hábil manuseadora dos corantes for cooking effects (special effects…), que deslumbravam a burguesia angrense. Aliás, em entrevista a um diário português entretanto desaparecido, em 1978, considera que a gastronomia é a mais próxima arte da pintura. Mas também aprendeu as pinceladas infantis com velhas tias, que matavam as tardes húmidas esticando telas, bordando panos, repetindo mortas naturezas, moribundas cenas de caça, ingénuas representações etnográficas.
   Depois, partiu, sem bilhete de retorno, à descoberta de sítios, paisagens, museus, mausoléus, poetas, escultores, pintores, gente, cidades com gente dentro, campos infindos com alma pressentida. Correu o Vale de Santarém, Ceca, Meca, a Casa do Diabo, o Cu de Judas, a Canada do Briado… Nunca tirou fotografias, com a presunção de que as pupilas dos olhos estabeleceriam free conection com os infindáveis rams da memória, e que guardaria no disco duro os motivos essenciais do que quereria figurar. Enganou-se: reconhece, hoje, que muito jeito lhe daria uma oficina que procedesse a um up grade no disco duro da moleirinha.
   Nunca vendeu um quadro, vejam bem.

   Afirma, no entanto, ter olhos de cartógrafo, mãos impulsivas, índole de gravador. Experimenta, experimenta sempre, nunca estabelecendo, a priori, a técnica que vai utilizar. Deslumbra-se com o exótico, e vai inscrevendo mapas, rotas, mitos, símbolos…crendo, assim simular, em síntese, o que viu em vasos gregos, em paper-rocks indo-americanos, nos flamengos prediletos, nos impressionistas afeiçoados, nos contemporâneos ousados. Confuso, portanto.

   Por isso dele dizem: é um poseur! – alça a sobrancelha esquerda por detrás das lentes do estigmatismo com desdenhoso trejeito perante a mediocridade e, tão só porque peregrinou as sete partidas e já tem cãs sobejas e aprendizagens múltiplas, nem sequer reage aos que o sussurram como diletante, cultivando uma ironia que, por vezes, roça o sarcasmo impiedoso.
   - ‘Tou-me maribando! – proclama do pico do Pico da sua altivez senhoril, do cume da sua libertada escravidão, do topo da sabedoria que lhe concedeu o passadio.

   Nunca vendeu um quadro, mas tem uma invejada coleção de arte, que foi construindo através de trocas com pintores conhecidos e ignorados – desde o Camboja, Rajastão, franças e araganças, quase todas as presque-îles. E, assim, as suas obras estão dependuradas nos muros dos quintos do mundo. 
   Afirmam os amigos mais íntimos que do que gosta, mesmo é da blague. E ninguém, como ele, de um modo muito vencidista-esquerdelhista, conforme à sua feição de incorrigível vieux soixante-buitard, négligé soigné, cultiva a amizade seletiva, libertária, boémia e transgressora.
   Donde, custa a entender por que, finalmente, resolve mostrar, em exibição, o que tem feito. Por mim, que o conheço há perto de sessenta anos, creio que é por amor às suas ilhíadas (ao Pico e à Terceira de afeições terrunhas, primacialmente) e também por vínculos de fraternidade a Dimas Simas Lopes, condiscípulo, utópico como ele que resolve sustentar uma galeria no não-lugar, cartografado no Terreiro do Galhardo, Ladeira Branca, freguesia da Feteira, ilha Terceira, Açores, omphalós, do planeta.

Vasco Pereira da Costa

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