COLÓQUIO DA LUSOFONIA AGENDADO PARA ABRIL
Debater a língua portuguesa em Macau
De 11 a 15 de Abril estudiosos de várias latitudes vão
debater em Macau a Língua Portuguesa e as suas variantes no mundo. Entre
as cerca de 50 candidaturas já aceites para o 15º Colóquio da Lusofonia
está uma homenagem a Henrique de Senna Fernandes. Ao mesmo tempo
realiza-se o 6º Encontro Açoriano da Lusofonia, que este ano tem como
convidado o escritor Vasco Pereira da Costa
fátima almeida

A Lusofonia vai estar em debate em Macau pela voz de estudiosos de
diferentes países que se debruçam sobre a Língua Portuguesa. De 11 a 15
de Abril, durante o 15º Colóquio da Lusofonia, que decorrerá no
Instituto Politécnico de Macau, os participantes vão lutar para que se
mantenham vivas as páginas escritas por autores lusófonos, olhar para o
Estado da Lusofonia e abordar questões relacionadas com a tradução. Para
o final do evento, fica reservado o debate de ideias para continuar a
dinamizar o projecto.
No primeiro tema “Homenagem Contra o Esquecimento” estão previstas
intervenções sobre escritores de Macau que já desapareceram, mas que
continuam a fazer parte do quotidiano da cidade através das suas obras,
como é exemplo Henrique de Senna Fernandes (1923-2010). Além do autor de
“Amor e Dedinhos de Pé” serão ainda recordados entre outros Deolinda da
Conceição (1914-1957), Graciete Batalha (1925-1992) e Adé dos Santos
Ferreira (1919-1993).
Neste capítulo, o escritor convidado, o açoriano Vasco Pereira da
Costa, através da comunicação “Açores Distância e Rostos na Literatura
Portuguesa”, falará também de outros autores lusófonos. Estas sessões
decorrerão na tarde do dia 14, segundo o plano disponível no endereço
electrónico do evento.
No 1º dia de debate, 12 de Abril, participarão os dois patronos
convidados. João Malaca Casteleiro, catedrático do Departamento de
Linguística da Universidade de Lisboa, olhará para os 28 anos de labuta
pelo ensino de Português em Macau e na China levados a cabo pela
Academia de Ciência de Lisboa, instituição da qual faz parte. A
apresentação do também professor visitante da Universidade de Macau
centra-se no sub-tema “Língua Portuguesa como língua segunda e como
língua estrangeira”, incluído na temática o “Estado da Lusofonia”. É no
âmbito deste tema que também falará o outro patrono convidado, Evanildo
Cavalcante Bechara colocando também a tónica no acordo ortográfico. O
docente da Academia Brasileira de Letras abordará questões relativas ao
2º Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico de 1990.
Num plano geral, a temática “O Estado da Lusofonia” vai recuar às
raízes lusas, traçar a situação do uso da língua portuguesa no mundo,
bem como da literatura escrita em português.
AÇORIANOS EM MACAU. Como ao mesmo tempo se realiza o
6º Encontro Açoriano da Lusofonia, na sessão da manhã, depois da
cerimónia de abertura está prevista uma apresentação sobre o Cancioneiro
Açoriano. Através da temática “Macau e a Lusofonia” – falar-se-á dos
Açorianos em Macau, como os bispos daquele arquipélago ligados à Diocese
do território, como D. Arquimínio Rodrigues da Costa ou D. José da
Costa Nunes.
João Paulino de Azevedo e Castro, José Machado Lourenço, Silveira
Machado e Fernando Gomes, do Restaurante “o Fernando”, são outros nomes
açorianos destacados. A presença chinesa e macaense nos Açores também
entrará no debate.
A tradução de autores portugueses no mundo bem como os tradutores
chineses e os autores que assentam no papel as histórias na língua de
Camões serão outros temas previstos. Neste capítulo também entrarão a
cultura e as tecnologias ligadas à tradução. Para o último dia, 15 de
Abril, está desenhada a discussão de ideias para dinamizar projectos no
âmbito do Colóquio, como o Museu da Língua/Museu Virtual da Lusofonia.
Já com cerca de 50 oradores aceites, após a primeira fase de
candidaturas (aberta a não residentes em Macau), a 15ª edição do
colóquio apresentará estudiosos da língua portuguesa ligados a
instituições de países como Portugal, Brasil, Malásia, Bulgária ou
Finlândia.
Olhando para os títulos das apresentações seleccionadas vemos a
Lusofonia a ser debatida no plano das artes, das obras literárias locais
e além fronteiras e as variantes da Língua Portuguesa. Se Sérgio
Prosdócimo, do Gira Teatro, do Brasil trará o tema “Colóquio da
Lusofonia: Desdobramentos na Arte”, Rosário Girão, da Universidade do
Minho, terá palavras de “Homenagem a Henrique Senna Fernandes”. Enquanto
que Cátia Candeias da Korsang di Melaka, em Malaca, apresentará
“Malásia Papiá português em Malaca”, Ilyana Chalakova, da Universidade
de Sófia, Bulgária, olhará para o papel das mulheres com a comunicação
“Frente feminina: o colectivo e o (des)igual”.
Os colóquios da Lusofonia acontecem desde 2001, e no ano passado
começaram a sua internacionalização tendo decorrido no Brasil, em
Florianópolis, onde se estabeleceram como uma associação. Descritos com
um movimento cultural e cívico, os colóquios pretendem debater
amplamente, de forma científica, a língua portuguesa, comum a tantos
países e regiões, mobilizando e representando a sociedade civil de todo o
mundo.
Como escreve o presidente da Comissão Executiva, Chrys Chrystello, na
declaração de princípios e objectivos, os “cerca de 240 milhões de
lusofalantes constituem uma comunidade histórico-cultural capaz de
estabelecer pontos e diálogos entre os diferentes povos, culturas e
civilizações”.
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