®™  XIV colóquio da lusofonia

NOTA INTRODUTÓRIA

Em 2001, os Colóquios brotaram dum desafio do nosso saudoso primeiro patrono, professor José Augusto Seabra para criar a Cidadania da Língua, proposta radicalmente inovadora num país tradicionalista avesso a mudanças. Queríamos que todos se identificassem pela língua comum que nos une. A LUSOFONIA diz respeito aos que falam, escrevem e trabalham a língua, independentemente da cor, credo, religião ou nacionalidade.

Ao fim de treze edições, a última das quais em Santa Catarina no Brasil e a próxima em Macau na R. P. da China, os Colóquios já se afirmaram, nacional e internacionalmente, como a única realização regular, concreta e relevante sobre a LUSOFONIA.

Em 2002, inovámos entregando o CD das Atas/Anais com nº ISBN no início das sessões. Em 2003 assumimos o debate do multiculturalismo e interculturalismo. Em 2004 visitámos línguas e dialetos minoritários, a segunda língua oficial de Portugal (Mirandês), e fizemos a campanha que salvou o Ciberdúvidas. Fomos os únicos a debater (em 2005), a introdução da língua portuguesa em Timor e apadrinhámos o Observatório da Língua Portuguesa na CPLP. Postergamos o debate sobre o genocídio da Língua Portuguesa na Galiza até 2006, para catapultar os esforços do colega Ângelo Cristóvão na criação da novel Academia Galega. Em 2007, com o apoio da Câmara Municipal de Bragança criou-se o 1º Prémio Literário da Lusofonia e debatemos a Língua Portuguesa no século XXI. Foi o pretexto para sermos também os primeiros a debater o novo Acordo Ortográfico, até então fora das manchetes dos jornais e do interesse dos políticos. O impacto e a cobertura do evento, além-fronteiras, ajudaram o Governo de Lisboa a ratificar o segundo protocolo modificativo. Em 2008 debatemos os Crioulos, criamos os Estudos Açorianos e presenciámos a abertura da Academia Galega da Língua Portuguesa nascida no seio destes colóquios. Em 2009 definimos o projeto do MUSEU DA LUSOFONIA. Nestes últimos anos, assinámos parcerias com Universidades, Politécnicos e Academias para, com a necessária validação científica, completar projetos como a  Diciopédia Contrastiva da Língua Portuguesa. Em Outubro 2008, o Presidente da Academia de Ciências, Professor Adriano Moreira e Vice-Presidente, Artur Anselmo, em conjunto com a Academia Brasileira deram "apoio inequívoco aos Colóquios".  Tivemos idêntico apoio e presença em Abril 2009, no 4º Encontro Açoriano (Lagoa, Açores), onde celebrámos acordos com o governo estadual de Santa Catarina, Brasil, para levarmos os Colóquios a Florianópolis, que durante uma semana se chamou AÇORIANÓPOLIS.

Os nossos oradores "típicos" não buscam mais uma conferência para o currículo, antes querem compartilhar projetos e criar sinergias. Trocam impressões, ideias e metodologias, vivências e pontos de vista, dentro e fora do ambiente mais formal das sessões. Juntam-se aos colegas no primeiro dia, partilham comunicações, passeios, refeições e despedem-se no último dia como se de amigos se tratasse. É o que nos torna distintos de qualquer outro congresso. Criámos uma vasta rede facilitando o intercâmbio de experiências entre participantes. Foram eles que iniciaram o ambicioso projeto da LEXICOPÉDIA ou Diciopédia Contrastiva, nas suas horas livres, irmanados do ideal de "sociedade civil" capaz e atuante que define o voluntariado dos que trabalham nestes colóquios. Esta Diciopédia Contrastiva tem agora uma nova plataforma, mais acessível aos investigadores que nela labutam e ao público. Juntos, somos capazes de atingir o que a burocracia e a hierarquia não podem ou não querem.

As diversificadas sessões paralelas de música, teatro e poesia (dos Açores, Portugal, Galiza e Brasil) estão agora integradas no corpo das sessões e continuam a criar pontes e partilhar culturas diferentes dentro do seio da Lusofonia. Temos ainda a responsabilidade de prosseguir, incansáveis, a campanha para execução do novo Acordo Ortográfico. Contamos com o laborioso apoio dos seus proponentes: Malaca Casteleiro, Evanildo Bechara e Ângelo Cristóvão que nos têm assistido a lutar pela língua unificada que propugnamos para as instâncias internacionais.

Carlos Reis afirmou (Julho 2008): "uma política de língua é um desígnio nacional que deve passar de Governo para Governo. A internacionalização da língua só será possível com uma política a "longo prazo", que sobreviva aos sucessivos governos". É esse desígnio que os Colóquios da Lusofonia, representando a sociedade civil atuante, desenvolvem há dez anos. Em Portugal não há uma política de língua. Enquanto as Letras se mantiverem subalternas, como mera Secção da Academia das Ciências de Lisboa, falta-lhes peso e voz para a defesa da língua e das suas variantes face aos desafios que os políticos não conseguem afrontar. A vetusta Academia teria de ser pró-ativa em vez de reativa. O futuro e a preservação da língua não se compadecem com esperas nem vivem de glórias passadas. Portugal está irremediavelmente atrasado. Não pode esperar mais. Por isso sonhámos, há três anos, com a criação de uma Academia das Letras, uma Academia da Língua independente, nascida no seio destes colóquios, sem sujeições a projetos estatais ou outros. Mais um ambicioso desígnio para abraçarmos.

No século XI, com o início da reconquista cristã da Península Ibérica, o galego-português consolida-se como língua falada e escrita da Lusitânia. A língua portuguesa tem 800 anos. Sua História remonta ao século XII, quando El-rei Dom Dinis fundou a Universidade de Coimbra, promovendo o desenvolvimento cultural de Portugal. " Esse rei-trovador ordenou que fosse usada a língua portuguesa nos documentos públicos, substituindo a língua oficial latina". À facilidade comunicativa entre a comunidade de expressão portuguesa e a comunidade galega acrescentamos o facto de a língua portuguesa ter o seu berço na Galiza medieval, que incluía o território da atual Comunidade Autónoma Galega transcendendo-o ainda amplamente, pelo que parece legítimo reivindicar-se que a Galiza seja reconhecida pelo resto da Lusofonia como membro de pleno direito. Essa língua volveu-se ao longo dos séculos numa língua franca em vastos espaços geoculturais, com variedades e interferências múltiplas, através de dialetos e crioulos, sem deixar de manter a sua unidade estrutural, apesar da sua ductilidade e da sua capacidade de adaptação aos mais diversos contextos envolventes. Numa palavra (como disse José Augusto Seabra no 2º colóquio), "ela propiciou o que temos chamado um polígolo, isto é, um diálogo plural e cruzado entre povos com costumes, crenças e mentalidades várias, que foram postos pelos portugueses em contacto, pela missionação, o comércio – incluindo a escravatura e a soberania política. Na verdade, como pôs em relevo o historiador da língua portuguesa Paul Teyssier, o nosso idioma apresenta todas as caraterísticas dessa universalidade: disperso por todos os continentes, ele não é restrito a um grupo étnico, a uma comunidade religiosa, a um tipo de sociedade ou a um regime político, sendo uma língua de mestiçagem cultural, de contacto e de diálogo entre vários povos. Mas foi antes de mais como língua de civilização e cultura que o Português se impôs historicamente, na sua irradiação pelo mundo, tal como profetizou o poeta-humanista António Ferreira:

 “Floresça, fale, cante, ouça-se e viva

A portuguesa língua e lá onde for

Senhora vá de si, soberba e altiva...”

 

Os Colóquios da Lusofonia seguiram a saga dos navegadores de 1500 e chegaram aos Açores em 2006 para debaterem a identidade açoriana, sua escrita, lendas e tradições. Em 2008 tivemos a presença do picaroto Dias de Melo (falecido pouco depois), o escritor da baleação, e do micaelense Daniel de Sá. Em 2009, tivemos o prolífico escritor Cristóvão de Aguiar que foi nosso convidado especial na Lagoa e em Bragança. Em 2010, escolhemos Vasco Pereira da Costa, um escritor açoriano que desempenhou durante sete anos, as funções de Diretor Regional da Cultura dos Açores, antes de ser fugazmente substituído pela atual Ministra da Cultura de Portugal, Dra. Gabriela Canavilhas, presente na abertura do 11º Colóquio. Na nossa porfia por repor estes escritores portugueses, de matriz açoriana, no panteão que merecem temos ainda outros para estudar, ler e divulgar. É para eles, suas obras e memórias, que orientamos as edições futuras dos colóquios, para que sejam lidos e traduzidos Com entusiasmo vos digo que estão a ser estudados, graças à colega Rosário Girão, em universidades romenas e polacas; graças às colegas Zélia Borges e Dina Ferreira nas Universidades de São Paulo, Brasil e irão chegar ao mundo no novo curso breve da Universidade do Minho http://www.lusofonias.net/estudos%20e%20cadernos%20a%C3%A7orianos/index.htm  

Estamos a ultimar a sua tradução para FRANCÊS, ITALIANO, ROMENO, POLACO, RUSSO, ESLOVENO E BÚLGARO Persistiremos nesta nossa nova tarefa de dar a conhecer e traduzir autores que a curta memória dos homens olvidou, para além de debatermos ainda o acordo ortográfico e a tradução, tema que nunca abandonámos desde a primeira edição.

 

Em Bragança 2010 queremos debater a herança islâmica, a presença de marranos ou conversos, judeus e cripto-judeus, as influências culturais africanas e as literaturas africanas de matriz portuguesa, Haverá o 4º Prémio Literário da Lusofonia que este ano foi destinado ao género de contos e narrativas.

 

temas BRAGANÇA 2010

14º Colóquio da lusofonia 25 set - 2 outº 2010

ANFITEATRO DR PAULO QUINTELA RUA ABÍLIO BEÇA Bragança, Portugal (mapa aqui)

1. HOMENAGEM CONTRA O ESQUECIMENTO:  

recordar os autores lusófonos esquecidos

(convidado este ano VASCO PEREIRA DA COSTA)

 

2. LUSOFONIAS:

2.1. A herança islâmica portuguesa

2.2. Marranos ou conversos, judeus e cripto-judeus em Portugal

2.3. Influências culturais africanas em Portugal de 1380 a 2010

2.4. Questões e raízes da Lusofonia.

2.5. 2º Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico de 1990

2.6. Língua Portuguesa como língua segunda e como língua estrangeira

2.7. Língua e Literatura Portuguesa no Mundo.

2.8. Lusofonias e Insularidades

2.9. Literaturas africanas de língua portuguesa

 

3. TRADUÇÃO:

3.1. Tradução de autores portugueses no estrangeiro. Tradutores e autores

3.2. Tradução Monocultural e intercultural

3.3 Tecnologias  e Tradutologia

 

 DINAMIZAR PROJETOS dos Colóquios da Lusofonia

1. MUSEU DA LÍNGUA/MUSEU VIRTUAL DA LUSOFONIA

2. ESTUDOS AÇORIANOS, CURSO BREVE DE ESTUDOS AÇORIANOS, CADERNOS DE ESTUDOS AÇORIANOS

3. LEXICOPÉDIA (DICIOPÉDIA CONTRASTIVA) DA LÍNGUA PORTUGUESA

4. CRIOULOS DE ORIGEM PORTUGUESA, CRIAÇÃO DE UMA BASE DE DADOS

5.Outros projetos

ACADEMIA GALEGA DA LÍNGUA PORTUGUESA, GALIZA 
CÂMARA MUNICIPAL DA LAGOA (AÇORES)
Direção Regional das Comunidades da Presidência do Governo Regional dos Açores
UNIVERSIDADE DO MINHO, BRAGA, PORTUGAL 
ESE, INSTITUTO POLITÉCNICO DE SETÚBAL, PORTUGAL 
ESE, INSTITUTO POLITÉCNICO DE BRAGANÇA, PORTUGAL
ESTH, INSTITUTO POLITÉCNICO DA GUARDA, PORTUGAL 
LICEU LITERÁRIO PORTUGUÊS DO RIO DE JANEIRO, BRASIL
UNIVERSIDADE MACKENZIE DE SÃO PAULO, BRASIL

 regressar P Antes de imprimir pense se realmente é necessário, pois o meio ambiente agradece!