Bragança, 5 out (Lusa) - A cidade portuguesa de Bragança, no norte do
país, quer acolher o primeiro museu do idioma em Portugal, segundo foi
anunciado no encerramento do Colóquio Anual da Lusofonia.
A idéia foi lançada pelo prefeito de Bragança, Jorge Nunes, que recebeu
o apoio do vice-presidente da Academia de Ciências de Lisboa para
ajudar a instalar o espaço, que seria único em Portugal.
O prefeito de Bragança quer aproveitar o balanço dos colóquios anuais
da Lusofonia para desenvolver o primeiro museu da língua portuguesa no
país. Há sete anos, o evento reúne na cidade representantes dos vários
países lusófonos.
O projeto Nunes é montar em Bragança um espaço idêntico ao que já
existe em São Paulo, com a história e evolução da língua falada por 320
milhões de pessoas pelo mundo.
"Em Portugal não há um espaço museológico relacionado com a língua
portuguesa e Bragança pode abraçar esse projeto, desde que conte com a
colaboração de professores e instituições representativas nesta área",
disse.
Apoios
O vice-presidente da Academia de Ciências de Lisboa, Artur Anselmo,
manifestou a disponibilidade deste organismo ajudar a instalar em
Bragança o Museu da Língua Portuguesa, embora ressalvando a necessidade
de contactos entre as partes para formalizar esta parceria.
Artur Anselmo lembrou que a academia portuguesa tem "um espólio muito
importante relacionado com a defesa da língua portuguesa, desde os fins
do século 18 até hoje" que poderia disponibilizar para o novo museu.
"Bragança é o lugar ideal para a instalação deste espaço porque está na
confluência de dois mundos fundamentais da língua portuguesa, Portugal
e a Galícia", disse.
Anselmo declarou ainda que o novo espaço terá que ser "um museu vivo e
o aspecto didático terá a maior importância para que interesse jovens,
instituições de ensino etc".
A idéia mereceu também elogios do lingüista brasileiro Evanildo
Bechara, presente no Colóquio da Lusofonia. Bechara prometeu propor à
Academia de Letras Brasileira, da qual é membro, o apoio ao museu
português.
O prefeito de Bragança gostaria de congregar as vontades necessárias,
para que no próximo Colóquio da Lusofonia os participantes pudessem
discutir o projeto e fazer a validação em termos científicos.
O próximo colóquio anual vai prestar uma homenagem contra o esquecimento, lembrando autores da lusofonia.
Em entrevista à Lusa, o organizador do evento, Chrys Chrystello, os
nomes propostos incluem os portugueses Leite Vasconcelos, Agostinho da
Silva e Carolina Michaelis, o brasileiro Euclides da Cunha e a galega
Rosália de Castro.