  
01. BRAGANÇA
Queria partilhar convosco
um pouco desta terra cheia de história. Segundo muitos escritores
Bragança foi fundada por Brigo lV, rei de Hispânia, no ano de 1096 antes de
Cristo. O douto Abade de Baçal, porém, reputa essas afirmações dado como
lendária a existência desse rei Brigo. A princípio chamava-se Celobriga, mais
tarde Brigâncio ou Brigância. No tempo dos romanos Bragança já era uma cidade de
grande importância, a que Augusto César pôs o nome de Julióbriga (em homenagem a
seu tio Júlio César), que a tinha re-edificado e fez município do antigo direito
latino." (Dr. Rocha Martins 1889). Não se julgue que não houve outras Brigancias. Quicherat
regista uma cidade Brigantia na Gália Cisalpina (hoje Briançon), e também
Brigantia, cidade da Vindelícia, região entre os Alpes e o Danúbio. Todas essas
Brigantiae devem ter origem celta. Brigantia passou a Bragança por meio da
forma Bregança. Talvez que a forma Braga ajudasse a passar Bregança para
Bragança. (Prof. Dr. Vasco Botelho do Amaral - 1949). A primeira povoação,
bastante importante, foi fundada anteriormente à era cristã. A antiga Cidade de origem neolítica, foi posteriormente um
importante centro romano localizado na zona atual da Sé. Às invasões bárbaras
sucederam-se as guerras entre mouros e cristãos e a Bragança primitiva
desapareceu permanecendo enterrada até hoje, conforme escavações do programa
Polis demonstraram, com inúmeros vestígios que ora podem ser observados em
mostra na sala de exposições aqui neste piso.
Durante as guerras entre
cristãos e mouros foi saqueada e ficou completamente arruinada, tendo sido
reconstruída no século XII, no local onde se encontra atualmente. Pelos meados do século X, (contemporaneamente, portanto, ao repovoamento
da região vimaranense pelo conde Ermenegildo Gonçalves e por sua consorte, a
célebre Mumadona) as terras de Bragança eram senhoriadas por um irmão daquele,
o conde Paio Gonçalves. Com o andar dos tempos, essa tenência veio a
encabeçar-se num dos ramos dos Mendes. Em Julho de 1128 senhoriava-a
Fernão Mendes, cunhado de Afonso Henriques, que um documento de 7 de Julho desse
ano mostra integrado na corrente política de apoio ao movimento de independência.
No fim desse século, em 1199, as desavenças de D. Sancho I com o rei de Leão (Afonso IX) –
motivadas por razões políticas e acentuadas por ter este repudiado sua esposa, a
infanta D. Teresa, filha do monarca português – estenderam a luta a Bragança,
sofrendo a terra, e as fortificações então porventura existentes, os efeitos do
cerco posto pelo rei leonês, até serem disso libertadas pela ação de D. Sancho.
   
Aquando da restauração da cidade em 1130, os coevos
de então escolheram um local diferente, no cimo dum outeiro a centenas de metros
da anterior cidade. Ali se viria a edificar a famosa Domus Municipalis,
precioso exemplar da arquitetura românica portuguesa do século XIII. Nascida
em território pertencente ao Mosteiro Beneditino
de Castro de Avelãs por cedência de outras e quiçá mais vastas áreas, por Fernão
Mendes,
Bragança só em 1187, com D. Sancho I[i]
no intuito de fixar
moradores vem a conhecer o primeiro foral. Ter-lhe-ia sido dado esse foral pela
sua efetiva importância militar, uma vez que se situava na linha de fronteiriça
com a Galiza? O foral dava-lhe grandes privilégios, tendo sido construído nessa
época o castelo.
Após
o falecimento de D. Dinis, que incrementara a construção do castelo, novamente esteve este em
estado de alarme. Com efeito, D. Afonso IV, subindo ao trono em 1325, logo moveu
perseguição contra o mais idoso dos seus irmãos ilegítimos, D. Afonso Sanches,
confiscando-lhe os bens que possuía em Portugal; e este, em defesa dos seus
interesses, moveu guerra ao monarca, vindo da vila de Albuquerque, onde então
residia, invadindo Portugal pela fronteira de Bragança, pondo tudo a ferro e fogo,
até que, por intervenção da Rainha Santa, se fez a paz. No reinado de D. Afonso IV
(1325-57), são atribuídas à vila as terças das igrejas da região "para repairamento dos muros". Este facto é confirmado numa carta escrita por D.
Fernando, onde afirma que a cerca está deteriorada e a requerer muitos
trabalhos, levados a cabo em finais desse século. A Torre de Menagem
é construída tendo demorado 30 anos a concluir. De arquitetura gótica,
distinguindo-se pela elegância as janelas em ogiva, ameias e seteiras, as suas
linhas apresentam semelhanças com alguns castelos ingleses, do mesmo período.
Século e meio depois, no
decurso da campanha de 1369, movida contra D. Fernando por Henrique I de
Castela, Bragança foi dominada pelas tropas
castelhanas que se assenhorearam da vila, tudo voltando, porém, à posse
portuguesa ao assentar-se a paz de Alcoutim (1371). D. Fernando ofereceu-a
como dote a uma das suas cunhadas, irmã de D. Leonor Teles. Voltou à Coroa e foi
dada, como ducado, a um filho natural de D. João l, ficando então
definitivamente na posse da Casa de Bragança.
Nos anos de crise dinástica e de
guerra que se seguiram à morte de D. Fernando, as versatilidade políticas do
alcaide João Afonso Pimentel fizeram mudar de mão, por mais de uma vez, o
castelo de Bragança. Pimentel era partidário da herdeira do trono, D. Beatriz, e de seu
marido, o rei de Castela. Apenas em 1386, por diligência do condestável
reconheceu a autoridade de D. João I. Doze anos depois como o rei deixara sem castigo o assassinato de sua filha, D. Brites
Pimentel, praticado pelo
marido Martim Afonso de Melo, alcaide de Évora resolveu, como represália,
voltar ao partido do monarca castelhano, e, emigrando para Castela, fez-lhe
menagem do seu castelo, o qual, com a povoação, só em 1400 foi restituído a
Portugal, pelo assentamento de tréguas negociado em Segóvia.
Ducado em 1442, sendo como
primeiro duque D. Afonso, (filho ilegítimo de D. João l e genro do Condestável,
Nuno Álvares Pereira), tornou-se uma das mais importantes casas da Europa. Dela
sairão alguns reis portugueses. Em 1455, é-lhe concedida uma
feira franca, o que revela bem a importância do burgo, e D. Afonso V eleva-a à
categoria de cidade em 1466. Ainda que fracamente impulsionada pelos seus
duques, a cidade veio a conhecer relativo desenvolvimento com os Judeus, que
nela encontravam acolhimento e "asilo quase seguro".
Em 1464, a pedido do 2º
Duque, D. Fernando de Bragança, recebe de D. Afonso V, o foral de cidade e a
partir daí cresceu depressa. Em 1560 construí-se o colégio dos Jesuítas.
Bragança desenvolveu-se ao abrigo do seu castelo, aninhada num terreiro de quase
três hectares, defendido por uma linha de muralhas com o vértice orientado a
Oeste, sentido em que cresceu o arrabalde, depois incorporado na vila. Aí, entre
dois dos torreões que lhe servem de reforço, rasga-se a Porta chamada de Santo
António, defendida por uma barbacã, na qual se situa, a Porta da Vila,
denominação que deve ter sido anterior aquela – pois a barbacã é de construção
posterior à muralha, como sugere a diversidade de estilos das referidas
entradas, de volta redonda a primeira e ogival a segunda.


  
Na face oposta a esse
lado, abria-se a Porta da Traição, habitual saída de recurso de volta para os
campos, porta esta que, conjuntamente com a adjacente muralha, foi há pouco
reconstruída. Na face sul, um saliente
quadrangular termina pelo chamado Poço d’el-rei, construção de defesa duma
cisterna, da qual lhe adveio o nome. Aqui se viria a edificar a
famosa
Domus Municipalis,
Com uma forma de pentágono irregular, a sua singularidade não se limita à
arquitetura, de que é exemplar único em toda a Península Ibérica. De origem
misteriosa, os historiadores não conseguem datar com precisão a época da sua
construção. Enquanto alguns autores a situam no século XII, outros defendem a
teoria de que terá sido erguida no século XV, sendo o seu estilo românico civil
tardio.
Outras teses atribuem-lhe uma raiz romana ou grega.
Sabe-se que foi um
importante reservatório de água, com um subterrâneo composto por uma cisterna
abobadada, a "Sala d'Água", fazendo a cachorraria interior e exterior
converter para a cisterna e sua nascente as águas pluviais. O piso térreo sem divisões
tem uma
bancada de granito ao longo das paredes - a "Casa da Câmara" - e serviu como lugar
de reunião dos "homens bons" do concelho, a partir do século XVI. Poderá
igualmente ter albergado os peregrinos que rumavam a Santiago de Compostela, já
que a cidade era um importante ponto de passagem. Depois de admirada a
Domus Municipalis
devemos parar a admirar as
janelas góticas da
Torre de Menagem
onde existe o valioso Museu Militar.
Nos séculos seguintes
ainda se mantiveram as vicissitudes de Bragança e de seu castelo inseridas na
história geral da Nação. Em 1580, por ocasião da segunda crise dinástica
portuguesa, subsequente à morte do cardeal-rei D, Henrique, foi aquela terra uma
das primeiras que patrioticamente reconheceram a realeza do Prior do Crato, D.
António. Em 1762, sofreu o assalto das tropas espanholas, enviadas pelo Marquês
de Sarria para a invasão de Trás-os-Montes, em 1808, ergueu-se valorosamente contra o
invasor napoleónico.
Situada no alto da colina
da Nossa Senhora do Sardão, a Cidadela de Bragança é um dos núcleos muralhados
mais harmoniosos e bem preservados de Portugal. O Castelo de Bragança é
constituído por um extenso conjunto de muralhas com um perímetro de 660 metros,
que formam quatro recintos individualizados entre si. Conta com quinze torres ou
cubelos e outros tantos panos de muro, com a espessura média de dois metros, com
três portas (duas Portas de Santo António e a Porta do Sol) e dois postigos (a
Porta da Traição e o postigo do Poço do Rei). Toda a cerca é ameada e define uma
planta ovalada que apresenta o seu interior orientado segundo dois eixos
viários, que estabelecem a ligação entre a Porta de Santo António, que dá para a
parte velha da cidade, e a Porta do Sol, a nascente. Destes dois eixos é a rua
da Cidadela aquela que faz o antigo traçado entre as duas portas. O esquema
desenhado tem como base a Porta de Santo António, a partir da qual irradiam duas
ruas e respetivos quarteirões edificados. À esquerda encontra-se um pequeno
quarteirão, interrompido pelo espaço onde se localiza o
Pelourinho e que antigamente foi
ocupado pela igreja de S. Tiago. Ao centro fica o principal aglomerado
populacional, que tem no seu topo a Igreja de Santa Maria (também designada de
Nossa Senhora do Sardão) e a célebre
Domus Municipalis.
O lado norte, que esteve
ocupado pelas instalações do Batalhão de Caçadores 3, foi arranjado e
atualmente é uma ampla zona que torna a Torre de Menagem ainda mais imensa do
que já é. Esta é um imóvel quadrangular de 17 m de lado e 34 m de altura, dotado
de sapata de cerca de 6 m de altura. O acesso era feito outrora por uma ponte
levadiça, que levava à porta que se encontra bem alta. Atualmente faz-se por
uma estreita escadaria exterior, de pedra, adossada à face setentrional de um
corpo saliente que serve de escudo ou couraça à própria torre. Na face sul da
torre, a meia altura, está adossada uma pedra de armas com os emblemas da Casa
de Avis, sinete do monarca que promoveu a edificação. Entre os elementos
decorativos mais interessantes que a torre de menagem oferece contam-se as
graciosas fiadas de ameias que lhe coroam o eirado e duas elegantes janelas
góticas maineladas, uma na face sul outra na face este. Nas aberturas e nos
cunhais, o material utilizado é o granito, com alguns blocos siglados, enquanto
no recheio predomina a alvenaria de xisto. Nos ângulos superiores destacam-se
quatro guaritas cilíndricas. A torre está adossada à muralha norte e obedece a
um esquema que se foi tornando habitual, que é o de ver a cidadela encostada a
um dos lados da muralha e não no centro. Tem ainda defendê-la um muro com sete
cubelos (três do lado nascente, três do poente e um a sul). Com a extinção, em 1958 do Batalhão de
Caçadores n.º 3 que ocupava o castelo, este alberga atualmente o Museu Militar, nos
cinco pisos da Torre de Menagem. Percorrê-los é ficar a conhecer um pouco mais
da nossa História e ter oportunidade de refletir como todo o equipamento bélico
usado antigamente era afinal tão inofensivo, se comparado com as novas armas de destruição
maciça.

Vale a pena começar pela
cripta para descer a acanhada escada de caracol até às antigas masmorras. O
primeiro piso, além da cisterna, apresenta, na Sala do Gungunhana, interessantes
artefactos utilizados por diversos povos africanos e a história do célebre chefe
tribal que ousou desafiar o poder colonial em África. A partir do segundo piso,
as exposições sucedem-se por ordem cronológica, num total de 14 divisões, desde
a Sala D. Afonso Henriques até à Sala da Primeira Guerra, estando patente em
cada uma, o armamento utilizado na época correspondente. Assim, às cotas de malha
medievais seguem-se as bestas e armaduras quinhentistas, as espadas e mosquetes
do século XVII, as carabinas e sabres do século seguinte. O primeiro conflito
mundial termina a extensa coleção, com uma série de fotografias e postais
mostrando soldados portugueses na frente da batalha.
No Centro da Cidadela, nas
pequenas hortas rodeadas de muros baixos crescem figueiras, cerejeiras e
legumes, mas a ânsia de verdura dos seus moradores não parece satisfeita pelos
extensos contornos do Parque Natural de Montesinho que se avista do cimo das
muralhas. Os jardins prolongam-se nas vielas estreitas, em vasos muitas vezes
improvisados onde crescem flores de todas as cores. Logo que chega a Primavera,
cada pedaço de solo bravio enche-se de papoilas e malmequeres, sobrevoados por
bandos agitados de pardais.
Como a paisagem é rude e
bravia, numa abordagem fugaz dir-se-ia que aqui só há fraguedo. Mas numa das
mais importantes revoluções pacíficas que aqui ocorreram, os judeus plantaram
amoreiras nos interstícios dessas fragas e no séc. XV e XVI, conseguiram o
milagre de fazer de Bragança um importante centro fabricante de veludos,
damascos, e outros tecidos de luxo.
Infelizmente a Inquisição
mostrou-se particularmente ativa em Bragança tendo vitimado 734 artesãos
segundo averiguou o sábio Abade de Baçal. Naturalmente, nem todos se deixaram
apanhar e a maioria (três mil) fugiu. Os teares fecharam, a produção dos belos
veludos de Bragança cessou por completo e a terra conheceu um longo e sombrio
período de decadência.
Encravada nas montanhas do
Nordeste Transmontano, a antiga Bragança, olha com orgulho, do alto da sua
cidadela, todos quanto a ignoram sem que a conhecerem. Apesar do gesto meio
tardio e das contínuas guerras e consequentes devastações que a assolaram,
Bragança – ainda que obrigada a render-se aos espanhóis em 1762 e ocupada pelos
franceses em 1808 – contra todos se revolta, persistindo em continuar bastião
português.
A Bragança de hoje, irmã
gémea da outra celta e romana, dela herdou costumes, língua e artesanato,
sempre marcados pela sua importância militar e estratégica mas sem jamais perder
as suas raízes rurais bem demonstrada pela presença altiva do
Parque
Natural de Montesinho.
http://www.bragancanet.pt/vinhais/vslomba/pnm.html
[ii].

  
O
Castelo, com as suas duas cinturas castrenses, pelo interior das quais se
estende a cidadela, hoje ainda surpreendentemente bem conservada e habitada, é
um dos mais bem preservados de Portugal. Franqueando os dois arcos da entrada
que não conservam já as antigas portas, depara-se-nos a altiva torre de menagem,
gótica, com 33 metros de altura e 17 de base, erguida no reinado de D. João l,
ao qual a praça – forte aderira com prontidão. Já não existe a ponte levadiça,
mas uma enorme porta que, no entanto, não dá acesso à torre. Este faz-se por
extensa escadaria exterior, pela qual se pode penetrar em vários pisos. E se, no
fundo, se podem ver a cisterna e o ergástulo (cárcere), de meter medo ao mais
bem-intencionado forasteiro, lá no alto, espreitando pelas ameias, de onde em
remotas eras, os defensores davam as boas-vindas aos atacantes com grandes
caldeirões de líquidos ferventes (azeites, seiva de pinheiro, etc.), poderá
agora desfrutar-se uma inolvidável paisagem, do melhor miradouro da cidade.
Da Rua Direita, subindo
pela “Costa Grande” entramos no labirinto da
Cidadela
com ruas de aspeto
mourisco e medieval, coroadas pelas 15 torres da muralha. A poente do castelo
existe uma obra singular, um pelourinho com uma escultura zoomorfa “A Porca da
Vila,”
um fuste de coluna
de granito, cravado no dorso de uma escultura pré-histórica, que lhe serve de
pedestal e que representa um berrão. Os berrões eram um ídolo
pré-histórico, cujo seu culto era uma prática caraterística dos povos
transmontanos. O monumento é encimado pelo escudo das armas de Bragança e um
capitel do qual partem quatro braços, cujas extremidades são decoradas com
carrancas. Lá eram amarrados e castigados os réus de grandes delitos. No pelourinho,
eram castigados os criminosos da época medieval.
Adossada exteriormente à
muralha, na sua face norte, acha-se a Torre da Princesa, que é tudo quanto resta
do paço do alcaide, cenário de tragédias íntimas. Destas tragédias sobressaem a
da infanta D. Sancha, irmã de Afonso Henriques, humilhada pelo adultério do
marido e senhor da terra, Fernão Mendes, e a de D. Leonor, infeliz esposa, e
injusta vitima, do muito ciumento D. Jaime, Duque de Bragança.
Não vos falarei aqui das
várias versões da lenda da Torre da Princesa e dos seus amores proibidos, pois
dela se ocupa a nossa página na internet. Foi nesta Torre que o 4º Duque
de Bragança aprisionou a mulher, D. Leonor. Constava que era tão linda que não
deixava que mais nenhum homem a olhasse, por isso, quando teve de se retirar com
a Corte para Lisboa, assassinou-a.
  
 
Se visitarmos depois a
Igreja de Santa Maria, de origem românica, do início do século XVI, nela se misturam o estilo renascença e o barroco, em consequência da
transformação que sofreu aquando da sua reconstrução no século XVIII. Esta é
também a época da pintura que se pode ver no teto da igreja. Podemos sair
para a
Igreja de São Bento (padroeiro da cidade) que tem uma pintura do teto,
atribuída ao pintor religioso Bustamante, considerada uma relíquia do barroco
nordestino.
Mais abaixo, rica em
arquitetura religiosa – mais do que na civil -, em que os estilos se confundem
um pouco mercê das destruições havidas e posteriores reconstruções, a Igreja de
São Vicente, primitivamente românica (século XIII) e reconstruída no século
XVII. Embora o pórtico de acesso
seja renascentista, esconde no interior uma capela rica em talha dourada e com
uma abóbada pintada e igualmente dourada. À volta da nave tem interessante
azulejaria do século XVII; lateral e exteriormente, encontra-se também um painel
de azulejos, alusivo à proclamação, em 1808, do general Sepúlveda contra a
ocupação napoleónica. De interesse ainda o artístico fontanário situado na
parede deste painel.
Mais tarde, foi
convertido em hospital militar e em asilo.
Foi nesta igreja, segundo
reza a tradição, que teve lugar o casamento secreto do príncipe e futuro Rei D.
Pedro com a dama galega Inês de Castro, abençoado pelo deão da Sé da Guarda. A
mesma tradição conta que D. Isabel (Rainha Santa), que se dirigia para Trancoso
para a celebração do seu casamento com D. Dinis, pernoitou na Igreja de
São Francisco (a quem posteriormente doou grandes bens). Esta igreja era
um convento, segundo a tradição edificado na presença de São Francisco de Assis,
tema da literatura portuguesa e universal.
Dignas de atenta observação
são a Capela da Casa da Misericórdia, com um retábulo de talha dourada do século
XVII, e a velha Igreja de Santa Clara (conventual), onde novamente se confundem
o estilo renascença com o barroco, e que possui uma apreciável pintura no teto,
datada do século XVIII.
Depois podemos percorrer a
Rua Abílio Beça onde ainda existem casas de portais estreitos, lembrando a
herança dos judeus que aqui se refugiaram da Inquisição, antes de chegarmos ao
célebre
Museu Abade de Baçal[iii]http://viajar.clix.pt/com/tesouros.php?lid=316&lg=pt
que merece
prolongada visita.
O Museu estende-se por
dois andares e pelo jardim do antigo Paço dos Bispos. Nas suas bem recheadas
salas podem apreciar-se notáveis obras de arte, desde alabardas da época de
Bronze e esculturas zoomórficas pré – romanas a móveis dos séculos XVII e XVIII,
retratos, pinturas, faianças, etc. É certo que muito tempo será
necessário para o visitante percorrer o museu e admirar o recheio de todas as
salas; mas também é certo que, numa próxima vinda à cidade, não prescindirá de
rever o velho museu, que o carinho do abade de Baçal transformou num dos
melhores deste país. O cruzeiro da Praça da Sé
como referência central da cidade foi erigido em 1689, e depois reconstituído em
1931 aqui mesmo em frente à
Catedral
Velha, de
fachada simples, com portal renascentista de influência barroca e um interior
com retábulo de talha dourada e um arco triunfal dominado pelo brasão da cidade.
A velha Sé – Catedral, é um
templo quinhentista doado aos Jesuítas, que aqui instalaram um colégio até à
data da sua expulsão. Pouco depois, este templo foi doado à Mitra de Miranda,
mais tarde transferida para Bragança. Também aqui o estilo renascença se deixou
infiltrar pelo barroco, sendo de apreciar as suas janelas trabalhadas e, no
interior, o rodapé de azulejo do século XVII, o retábulo de talha dourada e o
teto da sacristia, apainelado e pintado com o arco renascentista - um
arco triunfal - dominado pelo brasão da cidade. A igreja liga-se ao claustro
onde funcionava o colégio jesuíta, mais tarde adaptado a liceu, a que dava vida
uma imensa e azougada população flutuante de estudantes.
Em frente da
Sé e
representando a arquitetura civil, ergue-se o Solar dos Caladinhos, com uma
pedra de armas; pouco mais abaixo, encontra-se a Casa dos Vargas, com uma
interessante fiada de varandas com grades de ferro, e a Casa do Arco, também ela
velho solar, construída no século XVII, com pedra de armas e uma fachada dupla
para duas ruas, ligadas por um curioso arco transversal coberto.
Mas a velha urbe
transmontana tem mais para oferecer ao visitante. Um passeio pela Estrada do
Turismo, ladeada de frondosas árvores, põe agora a cidade a seus pés, numa
espetacular policromia, e permite-lhe ainda subir ao cabeço de São Bartolomeu,
onde poderá entrar na pequena mas interessante ermida, de onde se desfruta um
panorama inesquecível. Depois, percorrendo a estrada do circuito, está-se de
regresso à cidade.
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Em 1906 chegou o comboio a
Bragança. O Espaço Museológico de Bragança fica situado no centro da cidade, na
área da antiga estação ferroviária e ocupa a antiga cocheira de carruagens da
que foi estação términos da linha do Tua. A exposição inclui diverso material
ferroviário da Companhia Nacional e do Porto à Póvoa e Famalicão. Durante a
década de 60 constroem-se a Escola Industrial e o Liceu Emídio Garcia.
Em 2004 foi inaugurado o
novo Centro Cultural Municipal de Bragança que veio dar
uma nova vida ao antigo edifício, com cerca de 400 anos. O edifício reconstruído - que também foi um Colégio
de Jesuítas até 1759 e Seminário Diocesano até 1766 - dá agora lugar a um espaço
adaptado às novas valências “orientadas para a promoção de atividades
artísticas e culturais, como a escultura, a pintura, dança, fotografia,
literatura, teatro, música, artesanato, entre outras”.
Na Casa da Cultura de
Bragança está instalada uma biblioteca municipal, um conservatório de música e
um espaço dedicado à “memória da cidade”. A biblioteca municipal ocupa uma área
de 1.830 metros quadrados. O conservatório de música ocupa uma área de 591
metros quadrados. Já o espaço dedicado à “memória da cidade” é uma área onde se
poderá ver, através de registos gráficos, documentação histórica, maquetas
interativas e outras exposições, a “evolução” de Bragança enquanto cidade.
 
entrada
Biblioteca na Praça de Camões
entrada Centro Cultural Praça
da Sé
02. O TRATADO DE BABE
Antes de sairmos
devemos visitar um dos Tratados mais desconhecidos da História de Portugal e que
por estas terras teve lugar: o Tratado de Babe (1387):
Com os seus 398 habitantes, distribuídos
por 131 famílias e 168 alojamentos, Babe remonta a épocas ainda pouco definidas.
Situada a 800 metros de
altitude, 12 km a leste de
Bragança, constitui a porta de entrada do planalto de Lombada. No século XVIII
ainda eram visíveis os restos da antiga igreja de S. Pedro, localizada perto de
Castrogosa a sul. Por este mesmo local e a sul o castro da Sapeira, passava a
estrada romana que de Braga se dirigia a Astorga. Algumas estelas funerárias e
um marco milenário documentam a romanização desta aldeia. Tem uma capela
dedicada a S. Sebastião e outra que foi recuperada em 1991, dedicada a S. José.
Em todo o caso, podemos afirmar, com toda a segurança, que a sua existência é
muito antiga, como aliás havemos de referir mais adiante. Babe ficou célebre
pelo tratado de Babe, realizado em 26 de Março de 1387, entre D. João I e o
Duque de Lencastre.
Mas a sua importância afirma-se pela
Comenda, trazida por Domingos de Morais Madureira Pimentel, fidalgo da Casa-Real
que casou em Bragança com D. Luísa Caetana de Mesquita, seu 1º Comendador. E tal
era o seu tamanho territorial, que El-Rei D. Sebastião por sua ordem mandou
dividir em duas:
- a de S. Pedro de Babe e a de Nossa
Senhora de Gimonde, como pedira o Duque D. Teodósio, em obediência a uma Bula do
Papa, com data de 4 de Maio de 1561.
Recuando no tempo, convém dizer que a
Comenda de S. Pedro de Babe tinha um rendimento de 250.000 réis, conforme Diogo
Nunes. Quanto à reitoria que também foi, o seu rendimento era de 44.000 réis,
posto à disposição da Sua Alteza Real, durante a Restauração de Portugal.
Durante a fase posterior à guerra de Aclamação, muitos foram os contributos para
restaurar o país, pelo que Babe, na pessoa de António Alurez de Magalhães,
ofereceu, para as presentes necessidades de Sua Majestade, 20.000 réis, que era
o salário que obteria pelo dia de S. João, bem como ainda deu poder bastante
para cobrar dos comendados ou rendeiros das Comendas de Babe, e
"se
necessário tudo o que tenho venderei e darei de salário todos os anos, enquanto
viver, já que eu, António Alurez, me sustentarei com o pé do altar, feito nesta
terra".
Mas Babe está ligada à nacionalidade
através do Tratado de Babe. Em dada altura da nossa história, D. João, Rei de
Portugal, ofereceu auxílio ao duque de Alencastre, João de Gaudi, para provocar
a divisão das forças e tropas de Castela. É assim que o Inglês desembarca na
Corunha, seguindo depois para Melgaço, onde se avistou com D. João. Nesse
encontro estipularam as condições do auxílio que, à boa maneira inglesa,
comportava o casamento de uma das suas filhas, de nome Filipa com o nosso rei D.
João, (já que com ele trouxe duas, vindo a casar a última em Espanha, para
firmar outro acordo,).
Enquanto as tropas do Duque Inglês
seguem para Bragança, consuma-se na cidade do Porto o dito casamento, após o
qual o nosso rei haveria de juntar as suas tropas às de Alencastre, hospedado no
Mosteiro de Castro de Avelãs.

Mas
esta demora foi tal que se diz que o Duque resolveu seguir com o seu exército,
no momento em que chega a boa nova da chegada do Rei. Com as tropas do Duque em
marcha, seguem na direção de Babe, onde aguardam pelas do Rei D. João.
É então que, durante esta pausa, o
refinado Duque negoceia aquele que seria o Tratado de Babe, que obrigava o dito
Duque a abdicar de quaisquer direitos que pudesse vir a ter sobre a coroa
portuguesa. Diz-se que a Lombada nunca teria estado tão engalanada, já que foram
milhares os homens que por ali acamparam, distinguindo-se de entre eles, o Santo
Condestável.
Deste acordo, mais uma vez Portugal
pouco lucrou, já que o Duque inglês, após ter casado as filhas como já
referimos, mais nada aconteceu e muito menos a tal divisão das forças
castelhanas, há por isso quem afirme até que outra coisa não queria o Duque, que
não fora casar as filhas.
O Castro de Babe ou Castro da Sapeira,
nome ainda hoje usado, fica a 2,5 km a sudoeste da povoação e situa-se no cume
de um outeiro inacessível a Nordeste. Tem de área 350x150 metros, é cercado por
muro de pedra solta e nas partes falhas de defesa natural por três parapeitos e
respetivos fossos, distanciados entre si de 54x150x320 metros. Tinha duas
portas, uma a Sul e outra a Sueste. Mas no extremo do seu termo, outro castro
há, a raiar com Milhão, a Castragosa, assim se chama, e perto dele as ruínas da
igreja de S. Pedro, onde apareceram lápides funerárias que se encontram no Museu
Abade de Baçal em Bragança.
E ainda segundo o Abade vamos à origem
etimológica de Babe, Babi nas inquirições, tiradas pelo ano de 1258, quer dizer
em árabe "portinha", mas porta, também pode derivar de Babon. Por sua vez,
Babius, foi nome de poeta romano, donde também podia provir Babe. Já sob o ponto
de vista militar, Babe é realmente uma portinha, relativamente ao lado de
Bragança, enquanto pelo lado de Miranda, Babe apresenta fácil entrada ao
invasor. O toponímico Babão é frequente, enquanto Babilon é apelido de uma
família portuguesa do séc. XIII. Deste modo, não é fácil dizer qual a origem do
nome, embora não custe acreditar na origem romana do seu topónimo. Para terminar
e dado que a sua etnografia é rica, aqui lhes deixamos o convite para visitar o
Museu Etnográfico de Babe. Nota: apontamento feito com a ajuda da obra do Abade
de Baçal.
http://www.bragancanet.pt/braganca/babe.html
03. AS FESTAS DO NATAL (e
as máscaras diabólicas)
Na região compreendida
entre os concelhos de Freixos de Espada à Cinta, Miranda do Douro e Bragança,
intervém um tipo especial de mascarados no ciclo das Festas do Natal: os
"caretos", "chocalheiros" . "zangarrões" – "mascarões". A despeito de se
apresentarem como as personagens mais caraterísticas, eles atuam,
incongruentemente, como meros mendicantes ao serviço da igreja, percorrendo as
localidades a recolher esmolas, na companhia dos respetivos mordomos.
Em Bemposta (Mogadouro),
onde o costume mantém plena vigência, essas personagens saem nos "dias do
chocalheiro", a 26 de Dezembro a 1 de Janeiro, a partir da meia-noite. Máscara e indumentária são
pertença da aldeia, e durante o ano ficam à guarda da igreja. O cargo de
"chocalheiro" é leiloado todos os anos pelo mordomo da festa, mantendo-se os
licitantes em segredo, atinge somas por vezes vultuosas e é exercido em
cumprimento de promessas.
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Na companhia dos mordomos,
o "chocalheiro" percorre a freguesia batendo a todas as casas e recolhendo as
esmolas que ninguém lhe recusa. Exercendo prerrogativa de exceção, entra não
raro nas casas e delas leva o que bem entende, especialmente chouriços.
A sua atuação na rua é
insólita e temida, sobretudo pelas mulheres solteiras, com quem permite
liberdades licenciosas, e também pelo rapazio, que foge espavorido, gritando com
todas as forças: "Vem aí o "chocalheiro" – Vem aí o diabo !".
De facto ele exibe vários
atributos conotados com o diabo, além da máscara, o fato azul mostra uma série
de listas brancas e vermelhas, uma caveira pintada nas costas, um rabo de crinas
comprido, uma bexiga de porco pendente do capuz e uma figura de serpente a
tiracolo.
A tradição local consagra a
superstição de que, se alguém morre no dia em que ele deambula pelas ruas, vai
para o inferno, o mesmo sucedendo àquele que por ventura morra investido naquela
figura. Na verdade, a atuação destes "caretos" denuncia uma personalidade que
os situa no domínio do fantástico.
Assumindo inteiramente uma
natureza diabólica, a sua aparição impõe pelo terror a presença de um ser que se
coloca fora da lei e das convenções, que escapa às normas quotidianas e autoriza
o que é interdito. Aos olhos das gentes das raras aldeias em que sobrevivem,
aparecem como uma verdadeira entidade mágica, sombria e inquietante, mas
necessária. E pode pensar-se que sua aceitação se justifica por conter um
sentido vago de proteção da comunidade, sendo através deles que se normalizam
certas forças estranhas e difusas que nesse período se creem desencadeadas.

[i]
D. Sancho I (O Povoador)
Nasceu em Coimbra a 11 de Novembro de 1154. Em 1166 (com apenas 12 anos)
chefiou a expedição militar a Ciudad Rodrigo, tendo quatro anos
mais tarde começado a colaborar ativamente no exercício do poder
político e na gestão do reino. Casou no ano de 1174 com D. Dulce de
Aragão, subindo ao trono em 1185. Depois das sucessivas perdas de terras
para os Mouros (incluindo Silves e todo o Alentejo) D. Sancho I
aproveitou este facto para realizar medidas respeitantes à povoação do
reino e das terras devastadas pela guerra. Para este efeito introduziu a
política dos forais (reorganização administrativa local do reino -
formação de concelhos) e conseguiu fixar no Ribatejo estrangeiros
entretanto chegados. Esta situação advém do facto de que os territórios
não povoados eram fáceis de conquistar pelos Mouros, já que não havia
neles qualquer tipo de resistência. Em consequência da sua habilidade
política (em contraste com os desaires militares) D. Sancho I restaurou
as finanças da coroa e promoveu a cultura, tanto em Portugal como no
estrangeiro. Foi no seu reinado que se assistiu ao surgimento de um
diferendo com a Santa Sé e com o Bispo de Coimbra. É atribuída, hoje em
dia, a D. Sancho I a autoria da mais antiga cantiga de amigo dos
Cancioneiros. D. Sancho I morreu no dia 26 de Março de 1211 em Coimbra,
deixando como herdeiro do trono seu filho D. Afonso II.
[ii]
PARQUE NATURAL DE MONTESINHO
Com uma superfície de 75000 hectares e nove mil habitantes, Montesinho é
um dos maiores parques naturais do País. Criado em 79, é também um mundo
a (re)descobrir por diversíssimas razões: pelas pessoas, pela fauna e
flora, pelo património construído.

O Parque Natural de Montesinho situa-se no "limite" Nordeste de
Portugal, englobando a área das serras de Montesinho e Coroa, portanto a
parte norte dos Concelhos de Bragança e Vinhais. A região é
caraterizada por uma sucessão de formas arredondadas, aqui e ali
separadas pelos vales de rios profundamente encaixados. As atitudes
extremas são: 438 metros nas águas de Sandim, no leito do rio Mente, e
1481 metros na Malhada da Cova, na serra de Montesinho.
Os rios mais importantes são, na parte ocidental, o Mente e o Rabaçal,
na central, o Tuela e o Baceiro, e, na oriental, o Sabor e o Maçãs. A
Serra do Montesinho dá ao nome ao Parque que encerra uma paisagem
grandiosa, serena e, muitíssimo bela. Os terrenos são dominantemente
xistosos, tendo no entanto expressão afloramentos de rochas básicas,
alguns afloramentos de calcários, nomeadamente em Cova de Lua e Dine, e
manchas graníticas na parte superior da serra de Montesinho e nos
Pinheiros. Para apreciar superfície tão rica e bela, convém dispor de
uma viatura e de alguns dias livres. A rede de estradas que atravessa o
Parque é bastante boa, cruzando todo o tipo de paisagens e locais.
 
Clima
Sob o ponto de vista climático a região situa-se na chamada Terra Fria
Transmontana, apresentando, no entanto, aspetos de transição em
pequenas áreas localizadas no fundo dos vales dos rios Mente e Rabaçal,
e na parte ocidental, e junto a Gimonde e Quintanilha, na parte
oriental.
O regime das chuvas é o mesmo em toda a área, apresentando a
caraterística mediterrânica de chuvas na estação fria. De uma maneira
geral a área é caraterizada por invernos frios e longos e verões curtos
e quentes, daí o ditado popular «Nove meses de inverno e três de
inferno».
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Como Ir:
-
De Lisboa ou do Porto pela A1, pelo IP4 em direção a
Bragança.
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Da Zona Centro, apanhe a N102 em Celorico da Beira até
Macedo de Cavaleiros e depois o IP4 até Bragança.
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[iii]
Museu do Abade de Baçal
Fundado
em 1915, o Museu do Abade de Baçal encontra-se instalado no edifício do
antigo Paço Episcopal de Bragança, foi somando ao longo da sua história
dádivas que acrescentaram ao seu espólio coleções de pintura, desenho,
escultura, ourivesaria civil e mobiliário. O acervo do museu integra na
sua origem as coleções de arqueologia e numismática do Museu Municipal
e peças do recheio do Paço Episcopal. A este fundo inicial foram-se
somando dádivas de amigos e artistas, entre os quais se contam na década
de 30, as de Abel Salazar e da família Sá Vargas, nos anos 50, o legado
Guerra Junqueiro e no início de 60, o de Trindade Coelho, que
enriqueceram o museu com coleções de pintura, desenho, escultura,
ourivesaria civil e mobiliário. Em 2001 foi adquirida uma importante
coleção de máscaras recolhidas no terreno, a partir de uma investigação
levada a cabo por Benjamim Pereira. As máscaras
típicas das festas de Inverno no Nordeste Transmontano são o tema de
duas exposições que assinalaram em Dezembro 2006, sexta-feira, a
reabertura do Museu Abade de Baçal, em Bragança, encerrado há um ano
para obras. Considerado um dos mais emblemáticos da região, o
museu, que recebeu o nome do seu fundador, foi objeto de obras de
ampliação e remodelação para melhores condições de visita e de exposição
de obras e coleções até agora guardadas por falta de espaço. É o caso
da exposição de pintura contemporânea com quadros de Malhoa e de Carlos
Reis e ainda com 70 desenhos de Almada Negreiros. Segundo o diretor do
Museu, Neto Jacob, estas obras vão ser expostas na nova área, que
corresponde a um edifício contíguo ao antigo Paço Episcopal, onde
funcionava o Museu, e que vai aumentar a área total em cerca de 40%. No
edifício reabilitado funcionarão três salas de exposição permanente, que
vão mostrar ainda uma prateleira do século XVIII e faiança portuguesa,
sobretudo do século XIX e da zona Norte. Esta área contará ainda com um
núcleo de pintura de Abel Salazar, o museu dispõe ainda de mais duas
salas onde serão acolhidas as duas exposições, sobre máscaras
transmontanas, uma intitulada «Caretos II», de João Vieira, e outra,
comissariada por Benjamim Pereira, sobre «Os Rituais de Inverno com
Máscaras». A máscara é o artefacto caraterístico das festas do Natal,
ano novo e Carnaval nesta região, que escondem as diabruras dos
tradicionais caretos, rapazes mascarados com trajes coloridos que, ao
som de chocalhos, animam as aldeias nesta quadra. Santa Maria, a
autarquia da zona histórica de Bragança onde se localiza o museu,
criticou o muro com mais de dois metros erguido nas traseiras do
edifício e dos jardins do mesmo, os únicos classificados na cidade.
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