II ENCONTRO AÇORIANO DA LUSOFONIA  4-6 Maio 2007 Organizado por

Apoio  e  

   

Local do Encontro: Salão-Teatro Ribeiragrandense - Ribeira Grande, S. Mi

 

INTRODUÇÃO

 

Mal acabados de chegar a S. Miguel logo nos dispusemos a criar nos Açores uma versão local dos Colóquios Anuais da Lusofonia (que organizamos desde 2001 e que são a única iniciativa, concreta e regular em Portugal nos últimos cinco anos sobre esta temática). Desta forma pretendemos debater os problemas típicos da identidade açoriana no contexto da Lusofonia. E assim nasceram em Maio de 2006 os ENCONTROS AÇORIANOS DA LUSOFONIA com o apoio da Câmara Municipal da Ribeira Grande. O ponto de partida foi trazer aqui a S. Miguel académicos, estudiosos, escritores e outras pessoas relacionadas com a identidade açoriana, a sua escrita, as suas lendas e tradições, sempre numa perspetiva de enriquecimento da LUSOFONIA, tal como a entendemos com todas as suas diversidades culturais que, com a nossa podem coabitar.

 

Pretende-se manter anualmente este fluxo de autores e escritores (expatriados ou não) nas Américas e no Resto do Mundo para que, conjuntamente com os que vivem nestas nove ilhas e no continente debatam a permanência lusófona nos quatro cantos do mundo. Deste intercâmbio de experiências entre os açorianos residentes, expatriados e todos aqueles que dedicam a sua pesquisa e investigação à literatura, à linguística e à história dos Açores, podemos aspirar a tornar mais conhecida a identidade lusófona açoriana.  O desconhecimento, a nível do Continente e do resto do mundo, da realidade insular combate-se levando a cabo iniciativas como estes Encontros que visam igualmente divulgar o nome dos Açores e a sua presença no seio de uma Lusofonia alargada com mais de duzentos milhões. Deste modo, pretendemos aproximar povos e culturas no seio da grande nação dos lusofalantes, independentemente da sua nacionalidade, naturalidade ou ponto de residência, todos unidos pelo facto de falarmos uma mesma língua.

 

     Pretendemos contribuir para o levantamento de fatores exógenos e endógenos que permeiam essa açorianidade lusófona e criativamente questionar a influência que os fatores da insularidade e do isolamento tiveram na preservação do caráter açoriano. Trata-se de debater a problemática da língua portuguesa no mundo, não somente em termos das suas formulações históricas e teóricas mas e sobretudo, de analisá-las nas suas modalidades práticas com as necessárias correspondências em articulação com outras comunidades culturais, históricas e linguísticas lusófonas como agentes fundamentais de mudança. Iremos manter uma sessão exclusivamente dedicada à tradução e na qual gostaríamos de ter, pela primeira vez,  tradutores (de autores açorianos ou de escritores cuja tema tenha sido os Açores). A tradução é uma forma de perpetuar e manter a criatividade da língua portuguesa nos quatros cantos do mundo, algo que é importante realçar, pois, as pessoas não se apercebem muitas vezes desta vertente. Uma das formas de assegurar a língua é através da tradução. Só a tradução de obras permite a divulgação, algo muito importante na preservação da língua.

 

     Queremos ainda reiterar o caráter totalmente independente destes Encontros, interessados em alargar parcerias e protocolos mas sem serem subsídio-dependentes, de forma a descentralizar a realização destes eventos e assegurando essa sua “independência” através do simbólico pagamento das inscrições dos participantes. Claro que contamos com o apoio, ao nível logístico, da autarquia neste importante evento anual, criado por uma rede organizativa de voluntários. A sua independência permite a participação de um leque alargado de oradores, sem temores nem medo de represálias dos patrocinadores institucionais sejam eles governos, universidades ou meros agentes económicos.

 

     Simultaneamente, ao contrário de outros encontros e conferências de formato tradicional em que as pessoas se reúnem e no final há uma ata cheia de boas intenções com as conclusões, estes colóquios visam aproveitar a experiência profissional e pessoal de cada um dentro da sua especialidade e dos temas que estão a ser debatidos, para que os restantes oradores possam depois partir para o terreno, para os seus locais de trabalho e utilizarem instrumentos que já deram resultados noutras comunidades. Do passado constata-se a criação de uma rede informal que permite um livre intercâmbio de experiências e vivências, que se prolonga ao longo dos anos, muito para lá do colóquio em que intervieram. A componente lúdica destes Encontros, como se viu na primeira edição, permite induzir uma confraternização cordial, aberta, franca e informal entre oradores e participantes presenciais, em que do convívio saem reforçados os elos entre as pessoas, que se poderão manter a nível pessoal e profissional. Os participantes podem trocar impressões, falar de projetos, partilhar ideias e metodologias, fazer conhecer as suas vivências e pontos de vista, mesmo fora do ambiente mais formal dos Encontros.

 

Esperamos ajudar a combater a insularidade em termos culturais. Portugal, como toda a gente sabe, é um país macrocéfalo; cada vez mais existe Lisboa e o resto progressivamente passou a ser, apenas, paisagem. Nos Açores, em S. Miguel, existe essa mesma macrocefalia em torno de Ponta Delgada e é muito raro que outras cidades ou vilas tenham acesso a debates desta natureza.

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