6º Colóquio  da Lusofonia 2006 BRAGANÇA

2-4  Outubro 2006apoio da   

Bragança, capital dos Colóquios Anuais da Lusofonia, acolheu a 6ª edição, de 2 a 4 de Outubro 2006

no anfiteatro do Centro Cultural Municipal na Praça da Sé, com o habitual apoio da Câmara Municipal de Bragança.

Do Reino da Galiza até aos nossos dias: a língua portuguesa na Galiza

A GALIZA É UMA NAÇOM  

 

A Galiza é uma naçom no noroeste da Península Ibérica.

Aqui houve povoamentos desde as épocas pré-históricas (3 000 a.C.). Segundo o grego Estrabão (c. 63 a.C. - 24 d.C.) os habitantes deste extremo da península chamavam-se Kallakoi (Calaico). Os Romanos integraram esta parcela no seu Império já em finais do século I a.C., passando a designar-se Gallaecia durante o reinado do Imperador Diocleciano no século III. Os Kallakoi não devem ser confundidos com os Galos da antiga Gália

1. Os pré-celtas e os celtas da Galiza

O estudo e o ensino deste tema são algo muito complexo, devido sobretudo à opinião persistente, tão divulgada como errónea, de que esta região fora a mais celtizada da península Ibérica. Os arqueólogos, historiadores e investigadores de todas as épocas (os eruditos sérios, face aos achados arqueológicos e com a ajuda dos escritos de gregos e romanos contam como pode ter sido e em que consistiu a chegada de certos grupos célticos a esta região. Estes estudiosos da história foram diretamente às poucas fontes que podem manejar, sem se conformarem com traduções anteriores, muitas vezes mal interpretadas e que puderam ver as numerosas pegadas deixadas pelos celtas, ao longo e ao largo da Galiza, como os castros.

Parece que alguns grupos (do povo celta que chegara até ao sul península Ibérica), não se deram bem nestas terras e iniciaram outra viagem migratória, em fases distintas etapas já tardias, para o norte, através de terras lusitanas. Nesta situação de emigrantes celtas desde o sul, pelo oeste, rumo ao norte, não chegam a estabelecer-se na região galaica até ao século I a.C. É o grupo conhecido como sefes, que se move por volta do século III a.C. quando alguns se situam entre o rio Tejo e o rio Douro e outros, seguem para a Galicia.

Ao mesmo tempo que isto ocorria, produzia-se nas costas galaicas o desembarque de gentes nórdicas procedentes da Bretanha. A arqueologia acredita nisto através dos achados de Punta Neixón na ria de Arousa na Província de Pontevedra.

Os celtas sefes encontraram estas terras bastante povoadas. Estrabão assegura que havia umas 50 tribos de povos diferentes, enquanto Plínio diz que eram mais de 65. O professor (historiador, arqueólogo e escritor) Florentino López Cuevillas na sua obra A civilización céltica na Galiza, depois de expor um estudo exaustivo sobre o aspeto político e geográfico, assegura que todas estas tribos, na maior parte, não eram celtas.

A lista de tribos pré-célticas é bastante extensa:

- Estrimios (relacionados com os Lígures (e comuns a países bretões, ingleses e irlandeses), que permaneceram até à chegada dos romanos),

- Albianos, seurros, tiburos, bibalos, caporos, zoelas, nobiagoi, abii, tirii, veasmini, salassi, rilenii, helenii, grovii, etc., todos estabelecidos desde a Idade de Bronze, antes de 600 a.C.

Esta é a base da população pré-céltica, que é a mesma que a normanda, inglesa e irlandesa. Destes povoadores procedem as semelhanças étnicas entre estes povos e não chegada dos celtas. As analogias entre galegos e irlandeses atuais não provêm dum parentesco céltico, mas duma comunidade étnica anterior que remonta a 2.000 anos atrás.

As tribos celtas dos sefes recém-chegadas sobrepuseram-se a estas mais antigas e adaptaram-se bastante bem, crê-se que pelo seu caráter afim indo-europeu. Foram os celtas os que se acomodaram e a sua influência foi, na maioria dos casos, tardia e esporádica, segundo se pode saber pela confirmação do estudo da arquitetura e a metalurgia. A dita povoação autóctone mais antiga conservou a sua destacada personalidade linguística e cultural e também soube intercambiar aspetos culturais com a civilização céltica. Houve um verdadeiro intercâmbio de costumes e de conhecimentos.

2. Romanos, suevos e visigodos

Os romanos entraram no ano 137 a.C. encontrando séria resistência, mas acabariam por conquistar a região que denominariam Gallaecia.

Os suevos, 30.000 pessoas que só tinham 8.000 homens com capacidade para lutar, concentram-se entre o Douro e o Minho, na zona de influência de Braga. Chegaram no ano de 409, nomeando rei a Hermérico (409-438), que celebra um pacto ou foedus com Roma no ano de 410 pelo qual os suevos estabelecem o seu reino na província romana de Gallaecia e aceitam o imperador de Roma como o seu superior. Depois da morte de Hermérico reina Requila (438-448), a quem sucederá Requiário (448-456). Este último adotará o catolicismo no ano de 449. No ano de 456 tem lugar a batalha de Órbigo, que oporá visigodos e suevos, com a derrota destes últimos e que terá como consequência o assassinato de Requiário.

Depois da derrota frente aos visigodos, o reino suevo dividir-se-á e governarão simultaneamente Frantão e Aguiulfo, desde 456 até 457, ano em que Maldrás (457-459) reunificará o reino para acabar sendo assassinado depois duma conspiração romano-visigoda que finalmente fracassará. Apesar de a conspiração não ter alcançado os seus verdadeiros propósitos, o reino suevo viu-se novamente dividido entre dois reis: Frumário (459-463) e Remismundo (filho de Maldrás) (459-469) que reunificaria novamente o reino do seu pai no ano 463 e que se veria obrigado a adotar o arrianismo no ano de 465 devido à influência visigoda.

Após a morte de Remismundo entra-se numa época escura, que durará até ao ano de 550, durante a qual desaparecem praticamente todos os textos escritos. O pouco que se sabe desta época é que mui provavelmente Teodemundo governou a Suévia.

A época obscura terminará com o reinado de Karriarico (550-559) que se converterá novamente ao catolicismo no 550. Suceder-lhe-á Teodomiro (559-570) (não se confunda com Teodomiro, rei dos visigodos) durante o reinado do qual terá lugar o Iº Concílio de Braga (561). Miro (570-583) será o seu sucessor. Durante o seu reinado celebrou-se o IIº Concilio de Braga (572). Aproximadamente no ano de 577 inicia-se a guerra civil visigoda na que intervirá Miro que no ano 583 organizará uma expedição de conquista a Sevilla a qual fracassará. Durante o regresso desta expedição o rei morre. No reino suevo começam a produzir-se muitas lutas internas. Éborico (também chamado Eurico) (583-584) é destronado por Andeca (584-585) que falha a sua intenção de evitar a invasão visigoda dirigida por Leovigildo que se tornará efetiva finalmente no ano de 585, convertendo assim o rico e fértil reino suevo em mais uma região do reino godo.

3. Reino independente

Afonso I das Astúrias (739 - 757) foi o primeiro príncipe que começou a expansão do Reino Cristão. Desta forma a integração do Reino da Galiza no Reino das Astúrias ocorre entre o seu reinado e o de Ramiro I que a estende até Tui (854).

Em 813, Afonso II o Casto, rei das Astúrias e Galiza, é informado pelo bispo Teodomiro de Iria Flávia da aparição duma luz sobre uma antiga capela. O rei chega a Santiago de Compostela e manda edificar uma igreja. Começa a lenda do Caminho de Santiago e Santiago de Compostela converte-se num centro de peregrinação da Cristandade.

No ano de 910 Ordonho II converte-se em rei da Galiza (ver também Reino da Galiza)

No ano de 997 Almansor inicia uma expedição de saques em terras cristãs e chega até Santiago de Compostela

No ano de 1035 Fernando I O Magno herdou o reino de Castela do seu pai Sancho III O Maior, rei de Navarra, e no 1037 a sua esposa Sancha herdou os reinos de Leão e Galiza do seu irmão Bermudo III. (ver também Reino de Leão). À sua morte em 1065 repartiu as suas possessões entre os seus 3 filhos: entregou Castela ao seu filho Sancho, Leão a Afonso e Galiza a Garcia. Mas em 1072 Afonso VI de Leão matou Sancho II de Castela e aprisionou por toda a vida Garcia de Galiza governando assim sobre os reinos dos seus irmãos até à sua morte em 1109

O Reino da Galiza surgiu após a retirada muçulmana da zona que pouco antes ocupara o reino dos suevos. Em muitos momentos da sua história viu-se unido ao Reino das Astúrias e/ou ao Reino de Castela sendo nalguns casos difícil diferenciá-los. Oficialmente manteve-se como reino até 1833 ano em que foi dividido em quatro províncias e desaparecendo assim dos mapas.

 

(Traduzido para português europeu. In Wikipédia 12 Dezembro 2005)

O Presidente da Comissão Executiva

 CHRYS CHRYSTELLO

 Correio eletrónico: lusofonia@sapo.pt  

Rede:   www.lusofonias.sapo

 

 

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