5º colóquio da lusofonia  I ENCONTROS AÇORIANOS DA LUSOFONIA 5-7 MAIO 2006

apoio da Câmara Municipal da Ribeira Grande  entrar aqui

AÇORES: a insularidade e o isolamento, fatores de preservação da língua portuguesa no mundo

 

nota introdutória

 

Quando em 2001 preparamos o início dos COLÓQUIOS ANUAIS da LUSOFONIA - sob a égide do nosso patrono Embaixador Professor Doutor José Augusto Seabra - queríamos provar que era possível descentralizar a realização destes eventos e que era possível realizá-los sem sermos subsídio-dependentes. O ponto de partida foi a descentralização da discussão da língua portuguesa e as problemáticas da língua portuguesa no mundo. De 2002 em diante os Colóquios realizaram-se em Bragança, ainda na base da descentralização, mas sobretudo devido à insularidade em termos culturais. Portugal, como toda a gente sabe, é um país macrocéfalo; existe Lisboa e o resto continua a ser paisagem. É muito raro os locais do interior, os locais mais remotos como Bragança ou a Ribeira Grande, poderem ter acesso a debates de considerável importância sobre o futuro da língua. Estes colóquios e encontros são a única coisa que se tem feito concreta e regularmente em Portugal nos últimos cinco anos sobre esta temática. Os Colóquios e os Encontros são independentes de quaisquer forças políticas ou institucionais e asseguram essa sua “independência” através das inscrições dos participantes contando com o apoio, ao nível logístico, da autarquia que faz a sua aposta cultural na divulgação e realização deste importante evento anual.

Agora, para além dos Colóquios, teremos os Encontros Açorianos da Lusofonia como ponto de encontro anual para debater os problemas típicos da identidade açoriana no contexto da Lusofonia. Pretendemos trazer a este fórum escritores expatriados nas Américas e no Resto do Mundo para conjuntamente com os que vivem nestas nove ilhas possam falar da identidade açoriana, da sua escrita, das suas lendas e tradições. Iremos aprender e estudar a influência que os fatores da insularidade e do isolamento tiveram na preservação do caráter açoriano nos quatro cantos do mundo. Iremos descobrir que fatores exógenos e endógenos permeiam essa açorianidade lusófona.

A intenção destes encontros é proporcionar um local permanente de debate de ideias e de experiências entre os açorianos residentes, os açorianos expatriados e todos aqueles que dedicam a sua pesquisa e investigação à literatura, à linguística e à história dos Açores. O desconhecimento a nível do Continente (e do resto do mundo) da realidade insular combate-se levando a cabo iniciativas como esta. Estes Encontros visam divulgar o nome dos Açores e a sua presença no seio de uma Lusofonia alargada com mais de duzentos milhões de lusofalantes, deste modo aproximando povos e culturas no seio da grande nação dos lusofalantes, independentemente da sua nacionalidade ou ponto de residência, unidos pelo facto de falarmos todos uma mesma língua.

Por outro lado, a componente lúdica destes Colóquios pretende induzir uma confraternização cordial, aberta, franca e informal entre oradores e participantes presenciais, em que do convívio sairão reforçados os elos entre as pessoas, que se poderão manter a nível pessoal e profissional. Os participantes poderão trocar impressões, falar de projetos, partilhar ideias e metodologias, fazer conhecer as suas vivências e pontos de vista, mesmo fora do ambiente mais formal dos Encontros.

Quanto ao futuro da língua portuguesa no mundo, peça chave da linha multicultural da nossa visão duma Lusofonia alargada e abrangente, não hesito em afirmar que “de momento está salvaguardado através do seu enriquecimento pelas línguas autóctones e pelos crioulos, que têm o português como língua de partida. Enquanto a maior parte das línguas tende a desaparecer visto que não há influências novas, o português revela nalguns locais do mundo uma vitalidade fora do normal. A miscigenação com os crioulos e com os idiomas locais vai permitir o desenvolvimento desses crioulos e a preservação do português”. Por isso “não devemos ter medo do futuro do português no mundo porque ele vai continuar a ser falado, e a crescer nos restantes países”.

CHRYS CHRYSTELLO, COMISSÃO EXECUTIVA

 

«Uma língua é o lugar donde se vê o Mundo
e em que se traçam os limites do nosso pensar e sentir.
Da minha língua vê-se o mar.»
Vergílio Ferreira

 

 

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